Nos últimos anos, os PCs portáteis de gaming têm vindo a ganhar terreno e a ocupar um espaço que outrora era dominado exclusivamente por consolas portáteis como a Nintendo Switch. Dispositivos como o Steam Deck, o Asus ROG Ally e o Lenovo Legion Go trouxeram a promessa de uma experiência de PC completa num formato portátil, permitindo aos jogadores aceder às suas bibliotecas Steam e outros serviços onde quer que estejam. No entanto, ao contrário da Switch, que vem com uma dock incluída de origem, estes dispositivos não oferecem soluções oficiais de docking, obrigando os utilizadores a procurar alternativas de terceiros. A pensar nesse nicho, a Razer decidiu lançar o Razer Handheld Dock Chroma, uma base universal desenhada para servir como ponto de ligação entre os PCs portáteis de gaming e os ecrãs maiores, ao mesmo tempo que oferece suporte para múltiplos periféricos. A marca, conhecida pelo seu design cuidado e pelo apelo visual do seu RGB, tenta assim preencher uma lacuna no mercado com uma solução premium. Mas será que o preço elevado justifica-se face às alternativas existentes? Esta análise vai tentar responder a essa questão.
Design
O Razer Handheld Dock Chroma segue a filosofia estética da marca, apostando num visual sóbrio mas moderno, com linhas limpas e detalhes subtis. O corpo da dock apresenta um acabamento em alumínio escuro, com pormenores em borracha nas zonas de apoio, garantindo estabilidade ao dispositivo colocado sobre ela. Uma das escolhas de design mais interessantes é o painel traseiro dobrável, que permite ajustar o ângulo do dispositivo entre os 45 e os 75 graus ou, se necessário, fechar totalmente a estrutura para facilitar o transporte ou armazenamento. A presença de iluminação RGB, marca registada da Razer, não foi esquecida. Uma faixa de luz na base do dispositivo cria um efeito de brilho inferior que dá um toque visual interessante ao conjunto. Um botão na lateral da dock permite alternar entre os modos de iluminação integrados, mantendo o espírito de personalização que tantos fãs da marca apreciam. A parte frontal conta com a inscrição da Razer, enquanto o logótipo está gravado no painel traseiro, mantendo a identidade visual da marca bem presente sem ser demasiado intrusiva.

Construção
No que toca à qualidade de construção, a Razer mantém os padrões a que nos habituou. A dock é compacta, mas surpreendentemente densa, transmitindo uma sensação de solidez. O uso de alumínio como material principal confere-lhe robustez e durabilidade, ao passo que as áreas revestidas a borracha evitam escorregamentos e riscos tanto na base como na zona de apoio do dispositivo. O sistema articulado que permite ajustar o ângulo de inclinação do suporte é simples, mas eficaz, com uma boa resistência ao movimento, garantindo que o dispositivo se mantém estável mesmo durante sessões de jogo mais intensas. Esta atenção aos pormenores demonstra uma preocupação clara com a usabilidade e segurança do equipamento durante o uso prolongado.
No entanto, há uma omissão que não pode ser ignorada: a dock não vem acompanhada de uma fonte de alimentação. Dada a faixa de preço em que se insere, seria de esperar que a Razer incluísse um adaptador de corrente compatível, especialmente quando o dispositivo necessita de alimentação externa via USB-C para funcionar corretamente.
Funcionalidades
Apesar do foco no design, o Razer Handheld Dock Chroma não esquece o lado funcional. A ligação ao dispositivo é feita através de um cabo USB-C integrado com cerca de 7,5 cm, suficientemente comprido para alcançar as portas superiores do ROG Ally ou do Steam Deck. A dock conta com uma passagem de corrente de 100W, permitindo carregamento com entrega de até 85W, o que é suficiente para alimentar os dispositivos mais exigentes enquanto se joga em modos de alto desempenho. Na parte traseira, encontramos um conjunto bem pensado de portas: uma HDMI 2.0 para ligação a ecrãs externos, três portas USB-A 3.0 para ligação de periféricos e um porto Ethernet gigabit para ligações com menor latência ou velocidades de transferência superiores. Esta combinação transforma a dock numa solução bastante completa, permitindo ao utilizador ligar um teclado, rato, comando ou disco externo com facilidade, ao mesmo tempo que projeta o jogo num ecrã maior. Durante os testes, o desempenho da dock foi consistente. A ligação HDMI funcionou sem falhas visíveis, a ligação Ethernet revelou-se estável e rápida, e as portas USB responderam bem tanto com dispositivos com fio como com dongles sem fios. Em conjunto com o ROG Ally, foi possível jogar títulos exigentes como Cyberpunk 2077 em modo Turbo, com a dock a assegurar o fornecimento de energia contínua e estável, mesmo em sessões prolongadas.

Preço
A grande pedra no sapato do Razer Handheld Dock Chroma é o seu preço. A custar cerca de 90€, trata-se de uma solução claramente posicionada no segmento premium. Comparativamente, existem alternativas no mercado, como as estações da Anker ou outras marcas menos conhecidas, por cerca de metade do preço e com funcionalidades semelhantes, ainda que com um design menos apelativo ou com materiais de construção mais modestos. A ausência de uma fonte de alimentação na caixa agrava ainda mais esta questão, uma vez que obriga o utilizador a utilizar o carregador original do dispositivo ou a adquirir um separadamente. Para utilizadores que valorizam o aspeto visual, a qualidade de construção e a confiança na marca, o valor pedido pela Razer poderá fazer sentido. No entanto, para quem procura apenas funcionalidade, existem opções mais económicas que cumprem praticamente o mesmo papel.
Conclusão
O Razer Handheld Dock Chroma é, sem dúvida, um produto bem concebido, com um design apelativo e uma qualidade de construção acima da média. O conjunto de funcionalidades oferece tudo o que se espera de uma dock moderna para PCs portáteis de gaming, desde portas USB adicionais a saída HDMI e ligação Ethernet. A iluminação RGB e o formato compacto são extras bem-vindos que reforçam o apelo visual do dispositivo, especialmente para os fãs da marca. Ainda assim, o preço elevado levanta questões quanto ao seu posicionamento no mercado. A ausência de um adaptador de corrente incluído parece um detalhe menor, mas é sintomático da aposta numa margem elevada baseada sobretudo no prestígio da marca. Para quem valoriza um ecossistema coeso, design premium e uma experiência sem surpresas, o Razer Handheld Dock Chroma cumpre o que promete. Para todos os outros, talvez valha a pena considerar alternativas mais económicas, que sacrificam o aspeto mas mantêm grande parte da funcionalidade.
No fim de contas, a Razer entrega um produto competente e elegante, mas deixa nas mãos do consumidor decidir se o toque premium justifica a diferença de preço.