Antevisão: Abyssus

Abyssus é o mais recente projeto da DoubleMoose Games em colaboração com a The Arcade Crew. Apresentado como um FPS cooperativo com elementos roguelite, Abyssus rapidamente chama a atenção pelos seus visuais peculiares e pela promessa de ação frenética debaixo de água. Com influências claras de títulos como DOOM, Metal Hellsinger e até Bioshock, o jogo posiciona-se como uma experiência intensa e atmosférica onde o trabalho em equipa e a adaptação constante são essenciais. Numa altura em que o género roguelite continua em alta, Abyssus tenta destacar-se com uma abordagem brinepunk e uma identidade visual que mistura civilizações antigas com tecnologia submersa.

Jogabilidade

A jogabilidade de Abyssus segue as linhas tradicionais de um FPS de ritmo acelerado, mas com uma forte componente roguelite. Em cada sessão, os jogadores enfrentam hordas de inimigos mecânicos corrompidos, recolhem ouro e procuram chaves para desbloquear baús e melhorias. O combate é direto, visceral e com um bom nível de fluidez, ainda que não atinja o grau de precisão de jogos como DOOM Eternal. A cada nível, os jogadores escolhem entre dois upgrades, sendo um de natureza elemental e outro com efeitos de estado. Esta escolha permite criar sinergias únicas, tornando cada tentativa distinta da anterior. O jogo incentiva a experimentação com diferentes armas e modificações. Existem oito armas disponíveis, cada uma personalizável com um total de 45 mods. Ao longo das partidas, o jogador também pode evoluir o seu fato e habilidades, o que contribui para uma sensação de progressão constante, mesmo após várias tentativas falhadas. A cooperação entre jogadores é um dos pilares da experiência, sendo necessário coordenar estratégias, combinar poderes e escolher equipamentos complementares para enfrentar os desafios mais exigentes.

Mundo e história

Abyssus desenrola-se num mundo submerso alimentado por salmoura, uma substância rara e poderosa encontrada apenas nas profundezas do oceano. Os jogadores assumem o papel de exploradores brinepunk enviados para investigar uma grande reserva desta substância escondida nas ruínas de uma civilização antiga. No entanto, a missão rapidamente se transforma numa luta desesperada pela sobrevivência, quando os habitantes corrompidos deste reino submerso se levantam contra os intrusos. Apesar de a narrativa não ser o foco principal, há um esforço claro para criar um mundo misterioso e envolvente. A estética do templo subaquático lembra Atlântida, mas os elementos visuais das criaturas e bosses apontam para influências astecas e maias, criando um contraste interessante. Há também várias pistas e segredos espalhados pelos níveis que alimentam o mistério da origem da salmoura e das forças divinas que os jogadores acabam por manipular.

Grafismo

Visualmente, Abyssus é um jogo com identidade própria. Os cenários são desenhados à mão e cada um dos 64 níveis apresenta detalhes únicos, apesar de serem organizados proceduralmente. Esta abordagem garante que nenhuma sessão é igual à anterior, mantendo a experiência fresca e imprevisível. O design das criaturas, especialmente os bosses, destaca-se pelo seu estilo híbrido entre tecnologia e antiguidade, contribuindo para uma atmosfera de misticismo e perigo. O estilo brinepunk mistura elementos steampunk com o imaginário subaquático, algo pouco comum nos videojogos, o que ajuda Abyssus a sobressair visualmente. Ainda que o jogo não apresente gráficos de topo, a direção artística compensa essa limitação, conseguindo transmitir uma sensação de imersão e coerência no seu mundo.

Som

A componente sonora de Abyssus é competente, mas não tão marcante como seria desejável num jogo com esta intensidade. A música cumpre a sua função de acelerar o ritmo do combate e manter a adrenalina elevada, mas não alcança o impacto de títulos como Metal Hellsinger ou DOOM, cujas bandas sonoras são parte fundamental da experiência. Os efeitos sonoros são satisfatórios e transmitem bem a força das armas e o impacto dos ataques inimigos. No entanto, falta um pouco mais de variedade nos sons ambiente e nos gritos das criaturas, elementos que poderiam aprofundar a imersão no mundo submerso. A ausência de voice acting ou de diálogos audíveis também contribui para um ambiente mais silencioso do que se poderia esperar.

Conclusão

Abyssus é um título promissor que combina mecânicas de FPS e roguelite com uma estética original e um mundo cheio de potencial. Embora não revolucione nenhum dos géneros que aborda, consegue oferecer uma experiência divertida, desafiante e com bastante margem de rejogabilidade. A cooperação entre jogadores é incentivada de forma inteligente e o sistema de melhorias permite criar builds interessantes e eficazes. O grafismo e o mundo são suficientemente distintos para manter o interesse, mesmo que a componente sonora fique um pouco aquém das expectativas. Com conteúdo adicional prometido após o lançamento, Abyssus tem espaço para crescer e tornar-se uma referência dentro do género. Para quem procura uma experiência intensa, cooperativa e com um toque de misticismo subaquático, Abyssus é uma aposta a considerar.

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