O terror analógico tem vindo a ganhar cada vez mais destaque no mundo dos videojogos, explorando uma estética nostálgica e mecânicas baseadas no desconforto e na incerteza. CAPTURED é um exemplo claro desta tendência, colocando o jogador num ambiente opressivo onde o medo do desconhecido e a necessidade de observação são fundamentais para sobreviver. O jogo apresenta um conceito simples, mas eficaz: escapar de um corredor infinito capturando anomalias com uma câmara. No entanto, a execução desta ideia eleva-o a algo mais do que um simples clone de outros jogos de anomalias. A atmosfera, a necessidade de identificar corretamente os eventos estranhos e a presença de entidades hostis tornam CAPTURED uma experiência intensa e viciante.
Jogabilidade
A jogabilidade de CAPTURED baseia-se na observação e memória. O jogador percorre um corredor que muda constantemente, sendo necessário detetar alterações no ambiente com a ajuda de uma câmara. Cada ciclo do jogo exige que o jogador identifique corretamente as anomalias, categorizando-as num sistema que inclui objetos deslocados, alterações na iluminação, eletrónicos defeituosos, água e transformações completas em salas. Errar na classificação ou falhar a detecção de uma anomalia leva ao reinício do ciclo, o que adiciona uma camada de tensão e pressão psicológica. O jogo introduz também entidades hostis que tornam a experiência ainda mais desafiante. Cada criatura tem um comportamento específico e requer estratégias diferentes para ser evitada. O jogador precisa de usar a lanterna e as portas com inteligência, pois permanecer demasiado tempo num ciclo pode atrair presenças indesejadas. Esta combinação de mecânicas cria uma jogabilidade que mistura observação, reflexão rápida e gestão de recursos, garantindo uma experiência envolvente e assustadora.

Mundo e história
CAPTURED não oferece uma narrativa tradicional com personagens e eventos claramente explicados. Em vez disso, aposta na imersão ambiental para contar a sua história. O conceito de estar preso num ciclo infinito dentro da própria casa transmite uma sensação de isolamento e desorientação. Quanto mais o jogador explora, mais a casa se torna estranha e alienígena, reforçando a ideia de que algo está profundamente errado. Os pequenos detalhes do ambiente e as mensagens enigmáticas que surgem contribuem para uma atmosfera de mistério. CAPTURED não entrega respostas fáceis, deixando que o jogador interprete os eventos e tente compreender o que está realmente a acontecer. Esta abordagem faz com que o jogo se destaque dentro do género de terror, criando um sentimento constante de inquietação e curiosidade.
Grafismo
O estilo visual de CAPTURED inspira-se na estética VHS dos anos 90, utilizando efeitos que simulam gravações antigas para aumentar a imersão. Os gráficos são bastante detalhados, especialmente considerando que a maior parte do jogo decorre num ambiente escuro. A iluminação desempenha um papel fundamental na criação da atmosfera, com sombras dinâmicas e reflexos que reforçam a sensação de perigo iminente. Cada sala tem um design realista, contribuindo para a credibilidade do mundo do jogo. No entanto, à medida que as anomalias se acumulam, o espaço familiar transforma-se num pesadelo surreal. A presença das entidades hostis é também visualmente marcante, com designs que evocam um terror sobrenatural e perturbador.

Som
A componente sonora de CAPTURED é subtil, mas extremamente eficaz. O jogo não aposta numa banda sonora tradicional, preferindo utilizar o som ambiente para criar tensão. Os ruídos da casa, como passos, portas a ranger e vidros a partir, são meticulosamente trabalhados para manter o jogador em constante alerta. As vozes enigmáticas que surgem em momentos cruciais reforçam o sentimento de paranoia, alertando o jogador para perigos ou deixando pistas crípticas. O uso do som como ferramenta de susto é equilibrado, evitando os clichés de jumpscares previsíveis e apostando mais numa sensação de terror psicológico. Esta abordagem torna CAPTURED uma experiência auditiva intensa e angustiante.
Conclusão
CAPTURED é um jogo de terror analógico que consegue revitalizar o género de caça a anomalias com mecânicas inovadoras e uma atmosfera opressiva. A combinação de observação minuciosa, classificação de anomalias e presença de criaturas hostis cria uma experiência desafiante e envolvente. O design visual VHS dos anos 90, aliado a um trabalho sonoro de alta qualidade, torna o jogo ainda mais imersivo e inquietante. Embora não tenha uma narrativa convencional, CAPTURED compensa essa ausência com uma ambientação rica e um mundo misterioso que prende a atenção do jogador. Para os fãs de jogos de terror que procuram algo mais do que sustos previsíveis, esta é uma aposta segura. Com 99 anomalias para encontrar e vários níveis de dificuldade, CAPTURED oferece um desafio consistente e um motivo para regressar. Se gostas de jogos de horror baseados na observação e tensão psicológica, CAPTURED é uma escolha que vale a pena experimentar.