Análise: Distant Bloom

Distant Bloom é um jogo de exploração e jardinagem desenvolvido pela Ember Trail que se destaca pela sua abordagem relaxante e pelo foco na sustentabilidade. Num mercado saturado de jogos de sobrevivência que incentivam a exploração agressiva e a extração de recursos, Distant Bloom segue um caminho diferente, promovendo a restauração ambiental e a criação de um mundo vivo e vibrante. O jogador assume o papel do Assistente, um membro de uma tripulação alienígena que se vê preso num planeta degradado, mas repleto de potencial para ser revitalizado. O jogo encaixa-se perfeitamente na categoria de experiências acolhedoras, onde a progressão não é medida por combates ou desafios intensos, mas sim pelo crescimento gradual da flora e pela recuperação do ambiente. É uma aventura tranquila, onde cada pequena conquista é visualmente recompensada, tornando-o ideal para quem procura um escape relaxante. No entanto, apesar do seu conceito cativante, nem tudo funciona na perfeição, e algumas mecânicas podem tornar-se repetitivas ao longo do tempo.

Jogabilidade

Distant Bloom assenta numa jogabilidade simples, mas envolvente, que combina jardinagem com exploração. A base do jogo está na plantação de sementes e na recuperação do ambiente, permitindo desbloquear novas áreas e expandir o ecossistema do planeta. O terreno é dividido em pequenos hexágonos onde é possível plantar diferentes tipos de flora. Para otimizar o crescimento, o jogo incentiva a diversificação das espécies, criando um sistema de sinergias onde plantas diferentes crescem melhor quando colocadas lado a lado. Além de cuidar das plantas, o jogador também tem de limpar a poluição espalhada pelo mundo. Desde pequenas pilhas de lixo a derrames de óleo, tudo precisa de ser removido com a ajuda da ferramenta ExoMulti, que pode ser melhorada ao longo do jogo. Os materiais recolhidos através da limpeza podem ser reutilizados para expandir a base e criar objetos úteis, o que reforça a mensagem ecológica do jogo.

Não existem elementos de combate ou limitações de tempo, tornando a experiência completamente desprovida de stress. No entanto, esta abordagem também significa que a progressão pode parecer demasiado linear e repetitiva para alguns jogadores. A ausência de desafios mais complexos faz com que, ao fim de algumas horas, a jogabilidade possa perder um pouco do seu encanto, especialmente quando as tarefas se tornam previsíveis.

Mundo e história

A história de Distant Bloom é simples, mas eficaz, servindo principalmente para dar contexto à exploração e à restauração do planeta. O jogador começa a aventura ao lado de um Criópodo em chamas, sem sinal da sua tripulação ou da nave. Com a ajuda de um companheiro robótico, embarca numa missão para encontrar os amigos desaparecidos e descobrir o que aconteceu ao mundo em que se encontram. Ao longo do jogo, vão surgindo pequenas missões que incentivam a interação com os restantes membros da tripulação, assim como a exploração de novas áreas. Os personagens têm personalidades distintas e oferecem melhorias e dicas úteis, mas permanecem sempre na base, deixando toda a ação nas mãos do jogador. Existe ainda um sistema de ofertas, onde itens dados aos companheiros aparecem como decorações, mas sem qualquer impacto significativo na jogabilidade. Apesar de interessante, a narrativa não se destaca como um dos pontos fortes do jogo. As missões, embora úteis para orientar a progressão, acabam por se tornar repetitivas, exigindo constantes idas e voltas entre biomas. Além disso, a falta de uma indicação precisa da localização do jogador no mapa pode tornar a navegação frustrante, especialmente em áreas mais densas e labirínticas.

Grafismo

Visualmente, Distant Bloom é encantador. O jogo aposta num estilo artístico colorido e estilizado, onde as plantas e os ambientes alienígenas ganham vida à medida que são restaurados. O contraste entre as áreas poluídas e as zonas revitalizadas cria um impacto visual forte, tornando a progressão não só satisfatória, mas também esteticamente gratificante. Cada bioma tem um design único, com diferentes tipos de solo e vegetação, o que ajuda a manter a exploração interessante. A iluminação e os efeitos ambientais são bem conseguidos, contribuindo para a sensação de um mundo dinâmico em constante evolução. Pequenos detalhes, como o crescimento progressivo das plantas e o retorno de criaturas adoráveis ao cenário, tornam a experiência ainda mais imersiva. Apesar do seu charme visual, Distant Bloom não está isento de problemas técnicos. Durante a experiência, encontrei um bug recorrente onde o interface desaparecia e impedia a interação com personagens ou ferramentas. Embora a solução fosse simples — abrir e fechar o menu do inventário — a frequência com que o problema ocorria tornava-se irritante e quebrava a imersão.

Som

A banda sonora de Distant Bloom complementa perfeitamente a sua proposta relaxante. As melodias suaves e atmosféricas criam um ambiente tranquilo, ideal para um jogo onde a paciência e a contemplação são incentivadas. A música nunca se torna intrusiva e ajusta-se bem ao ritmo da exploração, tornando-se quase uma presença de fundo que reforça a imersão. Os efeitos sonoros são igualmente bem conseguidos. Desde o som das plantas a crescer até ao suave ruído da terra a ser remexida, cada interação tem um feedback auditivo satisfatório. Os sons do ambiente, como o vento a soprar ou a água a correr, também contribuem para a sensação de um mundo vivo e em recuperação. No entanto, a ausência de vozes para os personagens pode tornar as interações um pouco monótonas. Embora os diálogos sejam funcionais e bem escritos, a falta de expressividade sonora limita a ligação emocional com os companheiros de viagem. Para um jogo que aposta tanto no acolhimento e na ligação à natureza, um pouco mais de vida nos diálogos poderia ter tornado a experiência ainda mais envolvente.

Conclusão

Distant Bloom é um jogo que se destaca pelo seu conceito inovador e pela abordagem pacífica à exploração e progressão. A sua mecânica de jardinagem, aliada à limpeza e restauração ambiental, oferece uma experiência relaxante e recompensadora. A ausência de combate e a liberdade para avançar ao próprio ritmo fazem dele uma excelente escolha para quem procura um jogo sem pressões, ideal para momentos de descompressão. No entanto, a repetitividade das tarefas e a falta de desafios mais variados podem tornar-se um problema a longo prazo. A história, apesar de funcional, não é particularmente cativante, e a navegação pelo mundo poderia ser mais intuitiva. Pequenos problemas técnicos também afetam a fluidez da experiência, ainda que sem comprometer o seu núcleo. No geral, Distant Bloom é um título acolhedor e bem conseguido, que encanta pelo seu grafismo e mensagem ecológica. Para quem aprecia jogos de exploração e jardinagem com uma abordagem descontraída, é uma escolha segura. Não reinventa o género, mas entrega uma experiência envolvente e agradável, perfeita para quem quer simplesmente ver um mundo a florescer.

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