Análise: Footgun: Underground

Footgun: Underground, desenvolvido pela Turtle Knight Games e Cobratekku Games, é um roguelike que se destaca pela sua mecânica de combate pouco convencional. Ao contrário da maioria dos jogos do género, onde armas ou habilidades são o foco, aqui o jogador utiliza uma bola de futebol de alta tecnologia para derrotar inimigos. Embora a ideia seja inovadora, a sua execução levanta algumas questões, nomeadamente no que toca ao esquema de controlos, que pode gerar alguma frustração. Apesar da diversidade de personagens e bolas desbloqueáveis, o jogo acaba por se tornar um pouco repetitivo e poderia beneficiar de algumas melhorias na jogabilidade.

Jogabilidade

A estrutura do jogo é simples. O jogador viaja por uma rede de metro, parando em diferentes estações dentro de cinco biomas distintos. Em cada uma delas, o objetivo é eliminar todos os inimigos e, no final de cada secção, enfrentar um chefe para progredir. A grande diferença em relação a outros roguelikes está na forma como se combate. Ao invés de armas ou ataques corpo a corpo, o jogador tem de chutar uma bola, usando os ricochetes contra as paredes para acertar nos adversários. A precisão dos chutes é essencial, mas o jogo obriga a controlar a bola através de malabarismos para conseguir apontar corretamente. Este sistema de mira torna-se rápidamente frustrante, pois obriga a gerir simultaneamente o movimento e o controlo da bola de uma forma pouco intuitiva. Seria muito mais prático e acessível se existisse uma opção para apontar com o analógico direito, algo que já se tornou padrão em jogos deste tipo. A dificuldade não advém apenas do desafio normal de um roguelike, mas também da imprecisão dos controlos, o que pode afastar alguns jogadores.

Mundo e história

Ao contrário de muitos roguelikes que incluem uma narrativa mínima para contextualizar a ação, Footgun: Underground praticamente ignora este aspeto. O conceito de viajar pelo metro entre diferentes zonas serve apenas como um pano de fundo para a jogabilidade e não existe qualquer desenvolvimento narrativo relevante. Isto não é necessariamente um problema, já que muitos jogos do género vivem apenas da sua jogabilidade, mas poderia ter sido uma oportunidade para criar um universo mais envolvente. Sem uma história ou um objetivo além da sobrevivência, o jogo pode perder o interesse mais rapidamente para quem procura algo mais do que apenas mecânicas de jogo.

Grafismo

Visualmente, Footgun: Underground aposta num estilo de pixel art funcional. Os cenários são suficientemente distintos para dar alguma variedade à progressão, mas não são particularmente impressionantes. O maior destaque vai para o design dos chefes, que apresentam uma boa dose de detalhe e criatividade dentro das limitações do estilo escolhido. No geral, o grafismo cumpre a sua função, mas não se destaca dentro do género. Para um jogo indie, está dentro do esperado, mas não impressiona.

Som

A componente sonora é um dos aspetos menos memoráveis do jogo. A banda sonora não se destaca e os efeitos sonoros cumprem o seu papel sem trazer nada de particularmente marcante. Para um jogo onde a precisão e a resposta rápida são essenciais, um design sonoro mais envolvente poderia ter ajudado a criar uma maior sensação de impacto e satisfação ao acertar nos inimigos. Neste aspeto, Footgun: Underground fica um pouco aquém do que seria desejável para tornar a experiência mais imersiva.

Conclusão

Footgun: Underground tem uma ideia original e mecanicamente diferente do que se vê habitualmente no género, mas a execução deixa a desejar. A obrigação de controlar a bola através de malabarismos para apontar torna a jogabilidade mais frustrante do que deveria ser, especialmente quando a solução para este problema é simples. A ausência de uma narrativa envolvente, combinada com um grafismo funcional, mas pouco marcante, e um design sonoro esquecível, torna difícil recomendar o jogo a não ser que haja uma atualização dos controlos. Apesar do potencial, acaba por ser uma experiência que poderia ter sido muito melhor com algumas melhorias no design. Para quem procura um roguelike realmente inovador, há outras opções mais bem conseguidas no mercado.

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