Num mundo onde o caos substituiu a ordem e o crime domina as ruas, OUTLAWED apresenta-se como um shooter de extração que mistura elementos de combate PvE e PvPvE. Com uma atmosfera urbana moderna e um sistema de progressão separado para cada modo, o jogo tenta captar tanto os jogadores que procuram adrenalina em combates intensos, como aqueles que preferem uma experiência mais relaxada, focada na exploração e sobrevivência. Apesar da ambição, OUTLAWED chega ao mercado com uma receção mista e muitos pontos que merecem ser discutidos. Será este mais um clone de jogos como DMZ e Escape from Tarkov ou tem algo novo a oferecer?
Jogabilidade
OUTLAWED oferece dois modos principais: PvPvE, onde enfrentamos tanto jogadores reais como forças inimigas controladas por IA, e PvE puro, para quem prefere jogar sem a pressão de emboscadas humanas. A estreia do modo PvE foi recebida com entusiasmo por parte da comunidade mais casual, oferecendo uma experiência mais relaxada, sem campistas nem jogadores tóxicos a interferir. No PvPvE, o jogo aposta em combates entre esquadrões de até três jogadores, onde a comunicação e coordenação são essenciais para sobreviver a tiroteios intensos, enfrentar bosses e evacuar com o loot. A presença de inimigos IA em grande quantidade, por vezes excessiva, pode tornar as sessões cansativas, especialmente quando é necessário abater dezenas de inimigos para limpar uma simples área.
O combate é o ponto alto de OUTLAWED. As armas têm um bom impacto, com um sistema de personalização bastante completo. Podemos alterar carregadores, gatilhos, miras, silenciadores e outros componentes para adaptar cada arma ao nosso estilo de jogo. O movimento, apesar de funcional, podia ser mais fluido. Saltar janelas ou subir obstáculos às vezes parece menos natural do que seria desejável, mas o uso de paraquedas, tirolesas e veículos terrestres e aquáticos ajuda a dinamizar a experiência. Infelizmente, existem bugs que afetam a jogabilidade, como situações onde a arma deixa de disparar ou recarregar, sendo necessário trocar de arma para resolver o problema. Embora não sejam frequentes, estas falhas quebram a imersão e exigem atenção urgente por parte da equipa de desenvolvimento.

Mundo e história
A premissa do jogo coloca-nos numa cidade outrora próspera que agora vive sob domínio de gangues e forças paramilitares. Embora este cenário prometa um pano de fundo rico em narrativa e desenvolvimento de mundo, OUTLAWED pouco faz com este conceito além de o usar como estética. Não há uma campanha ou história estruturada a guiar o jogador, e as motivações para as nossas ações limitam-se à sobrevivência e aquisição de loot. Ainda assim, a presença de mais de 10 bosses únicos no modo PvE adiciona um pouco de profundidade. Cada um destes chefes tem habilidades especiais e representa um verdadeiro desafio, sendo também uma das melhores fontes de loot raro no jogo. O mapa, com 3km por 3km, é ambicioso e diversificado. Inclui zonas urbanas densas, subúrbios, autoestradas, montanhas e rios. Esta variedade de ambientes é bem-vinda, mas o seu tamanho excessivo em relação ao número de jogadores ativos torna as sessões PvP frustrantes, com encontros raros e muita exploração solitária. A falta de densidade de ação torna-se um problema sério, especialmente num jogo que deveria ser tenso e imprevisível.
Grafismo
Visualmente, OUTLAWED é competente, mas não revolucionário. O estilo gráfico aposta no realismo moderno, com edifícios bem detalhados e um uso eficaz de luz e sombras. As armas, por outro lado, destacam-se pela qualidade visual e pelo nível de detalhe nas personalizações. Os efeitos visuais das explosões, disparos e danos nos inimigos são convincentes e ajudam a aumentar a sensação de impacto nos combates. No entanto, as animações podiam ser mais polidas, especialmente no que diz respeito ao movimento das personagens e recarregamento das armas. A ausência de uma animação para recarregamento com carregador vazio, por exemplo, foi mencionada por jogadores como uma omissão notável. O desempenho geral do jogo é estável, com poucos relatos de quebras de framerate ou falhas gráficas graves, o que é um ponto positivo num título que ainda se encontra em fase de maturação.

Som
A componente sonora de OUTLAWED cumpre o seu papel, mas não impressiona. Os efeitos sonoros das armas são satisfatórios e contribuem para a intensidade dos combates. Os sons ambientais também ajudam a construir a atmosfera, com ruídos de passos, veículos ao longe e ecos urbanos que transmitem bem a sensação de um espaço perigoso e hostil. No entanto, a música de fundo é praticamente inexistente ou demasiado discreta, e a ausência de voice acting nas interações com bosses ou eventos do jogo reduz a imersão. Um investimento maior na componente sonora, especialmente para dar mais vida ao mundo e às personagens, seria bem-vindo.
Conclusão
OUTLAWED é um jogo com uma base sólida e ideias interessantes, mas que sofre com problemas de execução e falta de polimento. A introdução do modo PvE foi uma jogada acertada, conquistando jogadores que procuram uma experiência mais tranquila, mas o jogo ainda precisa de muito trabalho para alcançar o seu verdadeiro potencial. Os combates são satisfatórios, as armas divertidas de usar e a personalização é um ponto forte. No entanto, os problemas de IA, bugs, falta de conteúdo narrativo e uma base de jogadores praticamente inexistente ameaçam a longevidade do projeto. A dimensão exagerada do mapa e a densidade absurda de inimigos IA contribuem para uma sensação de cansaço em sessões mais longas. Com atualizações regulares, correções de bugs e melhorias de qualidade de vida, OUTLAWED pode ainda tornar-se num título de referência dentro do seu género. Para já, é uma proposta com boas ideias, mas que precisa de foco e comunidade para se destacar. Se gostas de loot shooters com ambientes urbanos modernos, vale a pena dar uma hipótese, especialmente pelo modo PvE. Mas não esperes um substituto imediato de títulos mais maduros como DMZ ou Tarkov.