Análise: Rogue: Genesia

Rogue: Genesia é um jogo de acção roguelite com elementos de bullet hell, desenvolvido por Ouadi Huard e publicado em colaboração com a Gamersky Games. Disponível na Steam desde 8 de Março de 2025, este título rapidamente chamou a atenção dos fãs do género, tanto pela sua semelhança com outros sucessos como Vampire Survivors, como pela sua capacidade de oferecer uma experiência única, viciante e recheada de conteúdo. A proposta é simples à superfície: controlar Rog, um herói que enfrenta hordas intermináveis de inimigos enquanto melhora continuamente o seu arsenal. Mas por trás dessa simplicidade, esconde-se um jogo surpreendentemente profundo e acessível, com um valor difícil de ignorar. Com um preço acessível de apenas 14.99€, Rogue: Genesia oferece uma dose impressionante de conteúdo e rejogabilidade, prometendo centenas de horas de diversão frenética. O jogo aposta numa jogabilidade intuitiva e num sistema de progressão envolvente, tornando-se rapidamente num daqueles títulos onde dizemos a nós próprios que só vamos fazer mais uma run, para acabarmos a perder a noção do tempo. Mas será que consegue manter esse nível de qualidade durante toda a experiência?

Jogabilidade

É aqui que Rogue: Genesia brilha com mais intensidade. A sua jogabilidade é absolutamente viciante, com um loop de progressão que prende desde o primeiro minuto. Começamos com um conjunto limitado de opções, enfrentando inimigos em ambientes relativamente tranquilos. Mas à medida que avançamos, o ecrã transforma-se num verdadeiro caos visual, com milhares de projécteis e inimigos a preencherem cada canto do mapa. É nesse momento que o jogo atinge o seu auge, oferecendo aquela adrenalina que só os melhores bullet hell conseguem proporcionar. O jogo apresenta dois modos principais: o Rog Mode, que funciona como uma campanha com caminhos ramificados e confrontos contra bosses, e o Survivor Mode, onde o objectivo é sobreviver o máximo de tempo possível. Ambos os modos têm o seu apelo e são suficientemente distintos para manter o interesse. As personagens atacam automaticamente, o que permite ao jogador focar-se na movimentação e na escolha estratégica dos upgrades. Cada nível oferece novas cartas de armas e habilidades passivas, criando oportunidades para construir sinergias devastadoras.

As opções de personalização são vastas. Entre diferentes personagens jogáveis como Knight, Gunner ou Summoner, e dezenas de armas e habilidades, cada run pode ser completamente diferente. O sistema de progressão permanente, através do qual se podem gastar almas para melhorar estatísticas base, dá uma sensação de evolução constante. Mesmo quando falhamos, sentimos que estamos a avançar. E isso é essencial num roguelite.

Mundo e história

Rogue: Genesia não foca os seus esforços na narrativa. A história é reduzida ao mínimo, centrando-se no herói Rog, que enfrenta ameaças sobrenaturais numa série de mundos decadentes. No entanto, a ausência de um enredo complexo não significa que o jogo falhe na criação de ambiente. Pelo contrário, utiliza o design visual e a ambientação para sugerir um mundo em ruína, invadido por esqueletos, demónios e criaturas alienígenas. Há uma estranheza constante nos cenários, com elementos quase oníricos que reforçam o sentimento de se estar num universo em colapso. Apesar da falta de diálogos ou desenvolvimento narrativo, o jogo compensa com encontros aleatórios que por vezes introduzem pequenas decisões ou eventos inesperados. São momentos que, mesmo sendo raros, adicionam um toque de variedade e reforçam a sensação de que estamos a explorar um mundo com as suas próprias regras e mistérios. A ausência de uma história tradicional pode desiludir alguns, mas para um jogo centrado na jogabilidade, é uma escolha compreensível.

Grafismo

O estilo gráfico de Rogue: Genesia aposta numa estética pixelizada, já habitual no género, mas executa-a com um nível de polimento acima da média. O uso de sombras e contrastes é eficaz, permitindo uma leitura clara da acção mesmo quando o ecrã está cheio de inimigos e projécteis. É notável como o jogo consegue manter a legibilidade num caos visual tão intenso, algo que muitos títulos semelhantes falham em fazer. Apesar do bom uso da arte pixel, há uma certa repetição no design dos inimigos. Muitos deles parecem genéricos e pouco inspirados, o que quebra um pouco a imersão, especialmente após longas sessões de jogo. Ainda assim, os cenários são variados o suficiente para manter o interesse, com mundos que vão desde campos áridos até zonas mais alienígenas e misteriosas. A apresentação geral é sólida, e nunca sentimos que o estilo visual atrapalha a experiência.

Som

O som é talvez o elemento mais inconsistente de Rogue: Genesia. Por um lado, a banda sonora consegue transmitir bem a intensidade das batalhas, combinando elementos sinfónicos com guitarras eléctricas para criar um ambiente energético e épico. Por outro, sofre de uma falta evidente de variedade. As músicas, embora eficazes, são poucas e repetem-se com frequência, o que pode tornar-se cansativo após algumas horas. Esta limitação sonora contrasta com a profundidade das outras componentes do jogo. Felizmente, os efeitos sonoros são competentes e ajudam a reforçar o impacto dos ataques e das interacções no campo de batalha. Seria desejável, no entanto, que futuras actualizações introduzissem mais faixas musicais para acompanhar a longevidade do título. É um aspecto que não chega a estragar a experiência, mas que fica aquém do restante cuidado posto no design do jogo.

Conclusão

Rogue: Genesia é uma excelente adição ao mundo dos roguelites e dos bullet hells. Oferece uma jogabilidade viciante, acessível mas profunda, com um sistema de progressão gratificante e uma quantidade impressionante de conteúdo para o preço. Mesmo com algumas falhas na variedade musical e no design dos inimigos, a experiência geral é incrivelmente positiva.

É um daqueles jogos que nos apanham de surpresa e nos fazem perder a noção do tempo. As opções de qualidade de vida, como a possibilidade de guardar o progresso a meio de uma run, são um verdadeiro bónus e mostram a atenção do criador aos detalhes que importam. Com actualizações prometidas e suporte para mods no horizonte, o futuro de Rogue: Genesia parece tão promissor como a sua jogabilidade é frenética. Para os fãs de Vampire Survivors ou para quem procura um novo vício digital, este é um título obrigatório. A sua acessibilidade, profundidade e preço fazem dele uma das melhores compras do género em 2025. Se estás à procura de horas de caos controlado e diversão garantida, Rogue: Genesia entrega exactamente isso.

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