Introdução
VED é um RPG com uma história peculiar de desenvolvimento. Criado pelo estúdio independente Karaclan, começou como um jogo de plataformas 2D no estilo Souls-like com visuais desenhados à mão. Ao longo de 12 anos, evoluiu para o formato atual, um RPG com narrativa ramificada e combates por turnos. Apesar do percurso impressionante, o jogo apresenta uma mistura de elementos que nem sempre se alinham de forma coesa, deixando dúvidas sobre a sua capacidade de conquistar os fãs do género.
Jogabilidade
VED divide a sua jogabilidade entre dois grandes pilares: diálogos no estilo romance visual e combates por turnos. Durante os diálogos, as escolhas feitas pelo jogador influenciam eventos futuros, oferecendo um sistema de narrativa ramificada. Porém, após os primeiros capítulos, a história começa a perder coesão, dificultando a compreensão das consequências das ações. Os combates apresentam um sistema posicional interessante. Cyrus, o protagonista, luta sozinho, utilizando habilidades mapeadas para uma barra de ações. Os combates baseiam-se no movimento estratégico no campo de batalha, onde a posição influencia a eficácia dos ataques e a probabilidade de evitar danos. Apesar da criatividade do sistema, a falta de diversidade nos inimigos e nas habilidades limita a profundidade das batalhas.

Mundo e história
A narrativa de VED gira em torno de Cyrus, um jovem cego que descobre a capacidade de se teletransportar entre o mundo humano e um reino mágico repleto de ilhas flutuantes, criaturas estranhas e artefactos encantados. A história explora o conflito entre três facções: uma corporação que explora artefactos mágicos, um grupo de feiticeiros que deseja partilhar a magia com todos e os Veds, que procuram manter os dois mundos separados. Embora a premissa seja promissora, a execução deixa a desejar. A escrita e a tradução apresentam problemas significativos, com diálogos pouco naturais e eventos que se tornam confusos à medida que a narrativa avança. A profundidade do enredo é comprometida por escolhas de escrita ilógicas, enfraquecendo o impacto das decisões do jogador.
Grafismo
Um dos pontos mais fortes de VED são os seus gráficos. O estilo desenhado à mão confere uma identidade única ao jogo, desde os cenários detalhados do mundo mágico até às animações subtis das personagens. Elementos como florestas sombrias, ruínas antigas e monstros com design intrigante enriquecem a atmosfera do jogo. O destaque visual também reflete a condição de Cyrus, cuja perceção do mundo é influenciada pela personalidade das pessoas à sua volta. Além disso, as animações de combate são dinâmicas, dando vida às batalhas mesmo que estas sofram com a repetição de conteúdo.

Som
A banda sonora de VED é um complemento eficaz à sua estética sombria e fantástica. Com uma mistura de temas de sintetizadores lo-fi, peças corais e música ambiental, o áudio reforça a imersão no mundo do jogo. Apesar da sua qualidade, a dobragem em inglês é menos consistente, com interpretações que nem sempre transmitem a emoção ou direção necessária para acompanhar a história. Os efeitos sonoros são competentes, mas não se destacam. A variedade de sons contribui para a ambientação, mas não chega a ser um ponto de destaque isolado.
Conclusão
VED é um jogo visualmente deslumbrante que tenta oferecer uma experiência única, mas falha em alinhar os seus elementos de forma coesa. O combate posicional e a premissa narrativa são interessantes, mas são prejudicados por uma história inconsistente, diálogos desajeitados e sistemas de progressão limitados.
Para os fãs de RPGs que valorizam gráficos e atmosferas bem trabalhados, VED pode oferecer uma experiência satisfatória, especialmente se explorado em diferentes ramificações narrativas. No entanto, os problemas na execução geral tornam-no um título que poderá beneficiar de futuras atualizações para atingir o seu verdadeiro potencial.