SkullX: Aibohphobia é uma novela visual de terror psicológico com um estilo fortemente estilizado e uma abordagem episódica. Desenvolvido por uma equipa misteriosa sob o nome SkullX e publicado pelo estúdio holandês DSTRCT Creatives, o jogo propõe uma viagem inquietante por um mundo onde cada decisão é um estilhaço na realidade e cada reflexo pode morder de volta. O próprio nome já sugere o tom surreal e desconcertante da experiência: aibofobia é a palavra inventada para designar o medo de palíndromos, um conceito que casa perfeitamente com a narrativa espelhada e distorcida do jogo. A primeira impressão é clara: não estamos perante uma experiência convencional.
Jogabilidade
Ao contrário da maioria das novelas visuais que se limitam à progressão através de diálogos, SkullX: Aibohphobia quebra essa fórmula com a introdução de combate por turnos. Cada um dos cinco personagens jogáveis possui um conjunto de habilidades distintas, o que torna cada batalha tensa e exigente. As decisões tomadas em combate têm tanto peso quanto as feitas durante o diálogo, e influenciam diretamente a evolução da narrativa. Para além disso, os elementos de puzzle e a constante pressão da sanidade mental acrescentam camadas extra de dificuldade e envolvimento, fazendo com que cada momento pareça uma verdadeira luta pela sobrevivência.

Mundo e história
O enredo decorre na América contemporânea, mas está envolto numa atmosfera de desespero e surrealismo. O jogador assume o papel de líder de uma equipa de mercenários numa missão aparentemente rotineira: encontrar um bioengenheiro, extrair a informação necessária e receber o pagamento. No entanto, rapidamente se percebe que nada é tão simples. À medida que símbolos estranhos começam a aparecer e a lua ganha protagonismo, a missão transforma-se numa espiral descendente de terror psicológico. O mundo retratado não só ameaça os corpos dos personagens, mas também as suas mentes. SkullX constrói um universo fragmentado onde o jogador nunca sabe se está a perseguir ou a ser perseguido.
Grafismo
A direcção artística está a cargo de Soh, o criador original do universo SkullX. Com mais de cem cenas desenhadas à mão e sequências animadas, o estilo visual do jogo é perturbador e marcante. A estética é suja, crua e deliberadamente desconfortável, reforçando o ambiente de constante tensão. Cada imagem parece saída de uma banda desenhada distorcida pelo pesadelo. As expressões, os cenários e os monstros são todos cuidadosamente desenhados para provocar desconforto e intriga. É um mundo visualmente fascinante, mas também esmagador. A arte não é apenas um suporte à narrativa — é parte essencial da sua força.

Som
Um dos grandes trunfos de SkullX: Aibohphobia é a sua componente sonora. Todo o jogo é totalmente dobrado, o que dá vida às personagens de forma intensa e credível. Cada sussurro e cada grito de pânico são transmitidos com uma naturalidade que aumenta significativamente o impacto emocional. A banda sonora e os efeitos sonoros contribuem para o ambiente claustrofóbico, com uma construção sonora que alterna entre o silêncio inquietante e explosões de tensão. O trabalho vocal ajuda também a distinguir as personalidades únicas de cada membro da equipa, aprofundando ainda mais a ligação entre jogador e personagem.
Conclusão
SkullX: Aibohphobia não é um jogo para quem procura uma experiência ligeira. É denso, perturbador e exige atenção total. Com uma narrativa que se estende por seis capítulos interligados, onde cada escolha influencia o futuro de forma permanente, o jogo propõe um tipo de storytelling que não esquece. O primeiro episódio já apresenta seis finais possíveis, o que demonstra bem a ambição do projecto. A mistura entre novela visual, combate táctico e elementos de horror psicológico resulta numa experiência única. SkullX: Aibohphobia desafia a memória, os nervos e as expectativas do jogador, e é uma proposta a não perder para quem procura algo verdadeiramente fora do comum. O jogo está disponível a partir de 12 de Maio de 2025 para PC, Mac e Linux via Steam.