Alpha Response surge como o mais recente projecto de Gooseman, o criador lendário do mod original de Counter-Strike. Este novo título tenta fundir a adrenalina dos shooters táticos com a imprevisibilidade das operações policiais reais. O jogo coloca o jogador no papel de forças policiais de elite, convidando-o a responder a situações de risco extremo onde cada decisão conta. Seja a solo ou com até três amigos, Alpha Response procura criar uma experiência tensa, onde a coordenação e a precisão são essenciais. Com missões variadas e ambientes realistas, o jogo apresenta-se como uma proposta interessante para os fãs de ação tática, embora com várias arestas por limar.
Jogabilidade
O ponto forte de Alpha Response está, sem dúvida, na sua estrutura de missões dinâmicas. Cada operação — desde resgates de reféns até desactivação de bombas — decorre de forma distinta de cada vez que se joga, graças ao posicionamento aleatório de inimigos e civis. Esta abordagem garante que o jogador nunca sabe o que esperar, promovendo uma constante adaptação. O jogo recompensa o planeamento e a execução meticulosa, penalizando erros com consequências fatais e sem segundas oportunidades. A campanha pode ser jogada a solo ou em modo cooperativo para quatro jogadores, sendo esta última a forma mais divertida e eficiente de abordar os desafios. A IA dos inimigos, apesar de inconsistente, mostra momentos de engenho, como o uso de escudos de forma táctica. No entanto, há ainda muito por afinar: o comportamento dos aliados e inimigos por vezes roça o absurdo, e a condução de veículos — embora prometida como um elemento relevante — revela-se pouco prática e mal implementada. A variedade de armamento é ampla, incluindo desde pistolas a armas pesadas, escudos balísticos, granadas e até veículos de apoio. No entanto, a execução ainda deixa a desejar. Algumas armas, como as caçadeiras, transmitem uma boa sensação de impacto, mas outras parecem inacabadas, com animações rígidas e sons pouco convincentes. A mecânica de desarme de bombas é, curiosamente, uma das mais bem conseguidas, exigindo raciocínio rápido e precisão.

Mundo e história
Alpha Response não aposta numa narrativa complexa, preferindo antes criar uma sensação de realismo através do contexto: somos agentes de uma força policial global que combate o crime organizado transnacional. A história é mais um pano de fundo do que um fio condutor, e isso não é necessariamente mau, tendo em conta a natureza do jogo. Os cenários são inspirados em locais reais e familiares, como ruas urbanas, estações de metro, catedrais e complexos industriais. Esta escolha ajuda a criar uma ligação mais imediata com o mundo do jogo, transmitindo uma sensação de autenticidade. A presença de civis nos mapas reforça o peso moral das decisões do jogador: disparar precipitadamente pode resultar na morte de inocentes e falhar a missão. Apesar disso, o jogo carece de elementos que unam as missões de forma coerente ou que criem empatia com os protagonistas. Sente-se a falta de um fio narrativo mais envolvente ou de pequenos detalhes que ajudem a construir o universo do jogo.
Grafismo
Em termos visuais, Alpha Response tenta alcançar o realismo, mas não o faz com sucesso uniforme. Alguns ambientes estão bem conseguidos, especialmente na forma como integram elementos urbanos familiares, mas há muito a melhorar. As texturas são inconsistentes, os modelos de personagens e objetos parecem muitas vezes temporários, e a arte geral do jogo carece de identidade. Um dos maiores problemas gráficos prende-se com a legibilidade. Em muitos momentos, é difícil distinguir inimigos do cenário, o que pode ser frustrante, sobretudo quando se tenta manter o ritmo tático. Por outro lado, a física e a interação com o mundo têm potencial: portas que se abrem de forma contextual, projéteis com trajectórias realistas e destruição limitada acrescentam uma camada de imersão. A optimização também é um calcanhar de Aquiles. Mesmo em hardware robusto, o jogo apresenta quebras de desempenho significativas. O sistema de DLSS incluído funciona de forma pouco intuitiva, com um simples slider de 0 a 100 sem indicação clara da qualidade, o que dificulta afinar as definições de forma eficaz.

Som
O design sonoro de Alpha Response é desigual. As armas têm um som genérico e carecem de profundidade, especialmente quando comparadas com outros títulos do género. Apenas algumas se destacam pela sua potência sonora, como as caçadeiras. Os sons ambientais, por outro lado, têm momentos interessantes, contribuindo para a tensão e urgência das missões. Um aspeto particularmente problemático é a voz da IA que acompanha o jogador durante as operações. As falas são mal construídas, pouco naturais, e por vezes tornam-se irritantes. Em vez de ajudar, acaba por distrair ou quebrar a imersão. O jogo teria beneficiado mais com um sistema de comunicação mais claro e discreto, especialmente em modo cooperativo. A ausência de uma banda sonora memorável também retira alguma força ao conjunto. A música é funcional, mas não marca presença de forma significativa, o que acaba por limitar o impacto emocional das missões mais intensas.
Conclusão
Alpha Response é um jogo ambicioso com uma base muito interessante, mas que se encontra claramente numa fase precoce de desenvolvimento. A proposta de missões imprevisíveis, jogabilidade tática e cooperação intensa tem tudo para funcionar, mas ainda falta muito polimento. A optimização é fraca, os visuais são irregulares e a experiência geral ainda carece de coerência e identidade. Ainda assim, há mérito na tentativa de fazer algo diferente. A presença de civis, a aleatoriedade dos combates, os detalhes nas mecânicas de desarme e a ambientação em locais realistas são elementos que o distinguem de outros títulos do género. Com tempo e dedicação, Alpha Response poderá vir a tornar-se uma referência dentro dos shooters táticos cooperativos. Por agora, é um título que recomendamos apenas a quem procura uma experiência cooperativa com amigos e está disposto a lidar com falhas técnicas e conteúdos ainda por acabar. Para todos os outros, o melhor será esperar por atualizações significativas ou uma eventual versão mais refinada.