GORN 2 chega até nós como a sequela de um dos jogos de realidade virtual mais divertidos e violentos da primeira geração de dispositivos VR. Lançado inicialmente para a PC e depois para PSVR, o primeiro GORN destacou-se pelo seu humor exagerado, combates sangrentos e uma fisicalidade única que explorava bem as limitações da tecnologia da altura. Agora, em 2025, a Free Lives e a Cortopia Studios trazem-nos uma continuação que opta por não reinventar a fórmula, mas sim refiná-la e polir alguns dos seus pontos fortes. Disponível para Quest, Steam e futuramente para PlayStation VR2, GORN 2 promete mais violência, mais humor e uma dose ainda maior de diversão física para os fãs do original. Embora o mercado de realidade virtual tenha evoluído bastante nos últimos anos, GORN 2 mantém-se fiel à sua identidade. Esta é uma experiência que abraça o absurdo, com combates brutais, armas ridículas e um sistema de física que encoraja o improviso e a criatividade. Apesar de algumas limitações herdadas do primeiro jogo, a sequela apresenta melhorias visuais, novos modos de jogo e uma campanha que, embora curta, é suficientemente divertida para justificar o preço pedido.
Jogabilidade
GORN 2 mantém o coração da jogabilidade original intacto: combates de gladiadores altamente físicos, onde quase tudo é permitido. O objetivo principal é derrotar todos os inimigos em arenas fechadas utilizando uma grande variedade de armas brancas, de fogo e até objetos absurdos como pedaços de carne gigantes. A grande novidade está na forma como o jogo incentiva o jogador a experimentar diferentes abordagens em cada combate. Cada arena é composta por quatro rondas, terminando sempre com um mini-boss ou um dos filhos bastardos do Deus do Além. O sistema de progressão obriga o jogador a acumular pontos de “épico”, o que cria uma linha de evolução relativamente linear, mas com espaço para alguma liberdade estratégica. Matar inimigos restaura saúde, o que incentiva um estilo de jogo agressivo e constante. O arsenal disponível é extenso e satisfatório, com espadas, katanas, lanças, maças, machados e muitas outras armas. A variedade é complementada por habilidades especiais desbloqueadas através de poções, que oferecem poderes como super-velocidade ou telecinesia. A física exagerada continua a ser um dos elementos mais divertidos do jogo, permitindo situações hilariantes como arrancar olhos, decapitar inimigos ou usá-los como armas improvisadas.
Apesar de tudo isto, a inteligência artificial dos inimigos continua a ser um dos pontos fracos. Muitas vezes, os adversários mostram pouca ou nenhuma preocupação com a sua própria sobrevivência, atirando-se cegamente contra armadilhas ou lâminas giratórias. Este comportamento pode gerar momentos muito engraçados, mas também retira alguma profundidade estratégica à experiência.

Mundo e história
GORN 2 não pretende contar uma grande história, mas o pouco que apresenta é feito de forma eficaz e bem-humorada. Depois de morrermos, ascendemos ao além, onde reencontramos os mesmos gladiadores que já derrotámos anteriormente. O enredo gira em torno da nossa missão de ajudar o Deus do Além a recuperar o seu trono, derrotando os seus cinco filhos bastardos, cada um com o seu próprio reino e desafios. A narrativa é transmitida através de diálogos curtos e humorísticos, que não tentam levar-se demasiado a sério. Este tom leve encaixa perfeitamente no espírito do jogo, que nunca pretende ser mais do que uma experiência divertida e absurda. A progressão entre os reinos é feita a partir de um pequeno hub central, onde escolhemos o próximo nível espetando a cabeça de um inimigo derrotado numa estaca, num toque macabro mas perfeitamente apropriado para o tom de GORN 2. Cada reino apresenta uma temática distinta, embora as diferenças sejam mais visuais do que propriamente mecânicas. Ainda assim, alguns elementos, como armadilhas específicas de cada arena, ajudam a dar alguma identidade a cada local e evitam que o jogo se torne repetitivo demasiado depressa.
Grafismo
Visualmente, GORN 2 é uma evolução clara face ao seu antecessor. Apesar de manter o estilo artístico cartoonesco e exagerado, o jogo apresenta agora modelos de personagens mais detalhados, texturas de maior qualidade e animações mais fluidas. O aumento na qualidade gráfica é especialmente notório nos detalhes das arenas e na forma como os efeitos de física são representados. As arenas, embora relativamente simples em termos de estrutura, beneficiam bastante da nova camada de polimento. Existem mais detalhes no ambiente, melhores efeitos de iluminação e um uso inteligente das cores para destacar áreas perigosas ou interativas. Apesar de manter um estilo visual intencionalmente irrealista, a direção artística de GORN 2 consegue equilibrar perfeitamente o humor e a violência, sem nunca resvalar para algo verdadeiramente grotesco. Em termos de performance, a versão testada no Quest 3 revelou-se sólida, sem quebras de fluidez nem problemas técnicos relevantes. Mesmo em sessões mais longas ou com grandes multidões de inimigos, o jogo manteve uma taxa de fotogramas estável, o que é crucial para garantir uma boa experiência em realidade virtual.

Som
O design sonoro de GORN 2 acompanha bem o seu estilo visual e de jogabilidade. Os efeitos sonoros são exagerados e caricatos, com impactos exagerados, estalos grotescos e grunhidos ridículos que ajudam a reforçar o tom absurdo dos combates. Cada golpe, cada desmembramento e cada queda é acompanhado por sons que sublinham a fisicalidade exagerada da ação. A música de fundo é discreta mas eficaz, servindo sobretudo para criar uma atmosfera energética sem se sobrepor aos sons do combate. Há também algumas faixas que brincam com sonoridades mais épicas de forma deliberadamente ridícula, o que encaixa perfeitamente na proposta geral do jogo. O destaque vai para os diálogos humorísticos, que, apesar de breves, contribuem bastante para a identidade do jogo. As vozes são exageradas e caricaturais, transmitindo bem a natureza absurda do mundo de GORN 2. No geral, o som complementa perfeitamente a experiência visual e de jogabilidade, ajudando a manter o jogador imerso e entretido.
Conclusão
GORN 2 é tudo o que os fãs do original poderiam esperar: uma sequela que refina e expande a fórmula sem grandes riscos. A violência exagerada, o humor juvenil e a fisicalidade extrema continuam a ser o centro da experiência, agora com uma apresentação mais polida e algumas novidades que ajudam a manter o interesse ao longo da campanha. Embora a falta de evolução significativa e a inteligência artificial limitada possam desapontar quem esperava uma reinvenção da série, a verdade é que GORN 2 sabe exatamente o que quer ser e entrega essa experiência com competência e muito estilo. A campanha curta, os modos adicionais e o sistema de personalização garantem alguma longevidade, mesmo que a rejogabilidade não seja o seu ponto mais forte. Se gostaste do primeiro GORN ou procuras uma experiência VR divertida, violenta e absurdamente engraçada, GORN 2 é uma aposta segura. Não é um jogo para todos, mas para aqueles que conseguem abraçar a sua loucura, é uma das experiências mais memoráveis que a realidade virtual tem para oferecer em 2025.