Blood Alloy: Reborn é um jogo desenvolvido pela Suppressive Fire Games, um pequeno estúdio de Boston composto por antigos funcionários da Harmonix Music Systems, estudantes e desenvolvedores independentes. O projeto nasceu de uma tentativa falhada de financiamento no Kickstarter, forçando a equipa a reformular a sua abordagem. Inicialmente concebido como um Metroidvania completo, o jogo foi redesenhado como um score chaser, focado na ação e na acumulação de pontos. O objetivo da equipa era usar Blood Alloy: Reborn como uma introdução ao seu universo, recolhendo feedback dos jogadores e gerando receitas para o desenvolvimento do jogo que sempre quiseram criar. No entanto, vários problemas técnicos e uma falta de direção clara acabaram por comprometer a experiência.
Jogabilidade
Blood Alloy: Reborn apresenta uma jogabilidade extremamente rápida e fluida, inspirada em clássicos como Strider e Super Meat Boy. O jogo coloca o jogador no controlo de Nia Rhys, uma ciborgue equipada com uma pistola e uma lâmina que permite realizar ataques rápidos e estilizados. A mecânica de combate foi claramente o foco principal do desenvolvimento, com animações suaves e transições entre ataques que permitem criar sequências impressionantes. Os jogadores podem encadear ataques terrestres e aéreos, deslizar pelo chão enquanto disparam mísseis e eliminar inimigos com uma combinação de movimentos velozes. O objetivo do jogo é acumular a maior pontuação possível, incentivando uma abordagem agressiva e estilizada ao combate. Multiplicadores de pontos são concedidos com base na velocidade e na execução dos ataques, com um bónus adicional para quem conseguir atingir um multiplicador de 10X, que permite recuperar vida. Infelizmente, a estrutura do jogo é pouco intuitiva e a falta de indicações claras pode deixar os jogadores confusos. A progressão nos níveis não é bem explicada e, por vezes, é difícil perceber o que se deve fazer para avançar. O tutorial é demasiado básico e falha em ensinar mecânicas essenciais, tornando o início do jogo frustrante.

Mundo e história
Blood Alloy: Reborn não foca a narrativa como um elemento principal. Existe um pequeno enquadramento inicial que apresenta Nia Rhys, mas não há desenvolvimento de personagens ou enredo ao longo do jogo. A história parece estar presente apenas como uma desculpa para a jogabilidade e a ação frenética. Para um jogo que originalmente se queria um Metroidvania, a ausência de exploração e progressão narrativa é uma decepção. Há algumas tentativas de criar uma atmosfera através das sequências animadas entre os níveis, mas estas acabam por ser ineficazes. Uma destas cenas iniciais, por exemplo, está completamente sem áudio, retirando impacto à introdução do jogo. No geral, Blood Alloy: Reborn parece mais uma demonstração das mecânicas de combate do que um jogo completo com uma história envolvente.
Grafismo
Visualmente, Blood Alloy: Reborn apresenta um estilo pixelizado reminiscentes dos clássicos de 16 bits. A arte dos sprites é bem detalhada e os cenários conseguem transmitir uma atmosfera interessante, especialmente na primeira área, Factory, que mostra uma cidade em ruínas, com edifícios destruídos e fumo no fundo. Os efeitos de explosão e os disparos estão bem trabalhados, adicionando impacto ao combate. Apesar do bom uso da pixel art, a diversidade visual é reduzida. Existem apenas três áreas jogáveis, sendo que muitos jogadores nem conseguirão explorá-las devido a um bug grave que impede a progressão. O design dos inimigos também é algo repetitivo, tornando os níveis menos variados do que poderiam ser. Ainda assim, para os fãs do estética retro, Blood Alloy: Reborn tem um certo charme.

Som
A banda sonora é um dos aspetos mais positivos do jogo. As faixas eletrónicas encaixam perfeitamente na jogabilidade frenética, incentivando o jogador a manter um ritmo acelerado. A progressão no jogo desbloqueia novas músicas, o que adiciona um pequeno incentivo para continuar a jogar e descobrir mais temas. No entanto, existe uma decisão de design que prejudica a experiência sonora. Quando o jogador está prestes a morrer, a música diminui de volume de forma drástica, tornando-se quase inaudível. Em vez de aumentar a tensão, esta mudança apenas retira impacto ao jogo, uma vez que a banda sonora é um dos seus elementos mais fortes. Além disso, como mencionado anteriormente, algumas sequências animadas não possuem qualquer áudio, o que torna a apresentação do jogo menos envolvente.
Conclusão
Blood Alloy: Reborn tem um sistema de combate bem conseguido, com um ritmo acelerado e controlos precisos que oferecem uma jogabilidade viciante para quem gosta de jogos de ação baseados em pontuação. No entanto, a falta de uma direção clara e os vários problemas técnicos impedem que o jogo atinja todo o seu potencial. Os bugs graves, que podem bloquear o progresso e forçar o jogador a reinstalar o jogo, são um problema sério que precisa de ser corrigido. A experiência de jogo é prejudicada por menus mal otimizados, um tutorial que não explica bem as mecânicas e um loop de jogabilidade que, apesar de divertido, carece de objetivos mais concretos. O grafismo pixelizado é bem conseguido e a banda sonora é excelente, mas isso não é suficiente para compensar as falhas do jogo.
No estado atual, Blood Alloy: Reborn parece mais uma demonstração de um conceito do que um jogo completo. Se a Suppressive Fire Games conseguir resolver os bugs e melhorar a estrutura do jogo, poderá tornar-se uma experiência muito mais sólida. Para já, é um título que pode interessar a fãs do género, mas que precisa de mais polimento antes de ser recomendado a um público mais vasto.