Conglomerate 451 é um RPG tático com um forte foco na personalização e na gestão de esquadrão, ambientado num universo cyberpunk dominado por corporações sem escrúpulos. O jogo tenta combinar elementos de dungeon crawlers clássicos com mecânicas de hacking e combate tático por turnos. Apesar de ter algumas ideias interessantes e um sistema de personalização bastante profundo, a execução do conceito deixa a desejar em vários aspetos, tornando a experiência menos envolvente do que poderia ser.
Jogabilidade
A estrutura do jogo baseia-se na exploração de masmorras geradas proceduralmente, onde controlamos um esquadrão de três soldados clonados. A movimentação é feita em primeira pessoa, num sistema de deslocação por quadrículas que lembra jogos clássicos como Legend of Grimrock. Durante as missões, o jogador deve completar objetivos que variam entre eliminar alvos e recuperar itens importantes. O combate decorre por turnos, oferecendo diversas opções estratégicas, desde ataques diretos até a debuffs aplicados através de hacking. O sistema de personalização é um dos pontos mais fortes do jogo. Antes de clonar um soldado, é possível escolher entre uma variedade de mutações genéticas que oferecem diferentes bónus. Existem também várias classes de combate, implantes cibernéticos e equipamentos para melhorar o desempenho do esquadrão. Infelizmente, apesar dessa flexibilidade, a dificuldade do jogo raramente exige uma abordagem estratégica profunda, permitindo que a maioria dos encontros seja resolvida de forma relativamente simples.

Mundo e história
A premissa de Conglomerate 451 insere-se perfeitamente dentro do género cyberpunk, com um mundo governado por corporações gananciosas que controlam todos os aspetos da vida. No entanto, o jogo falha em aproveitar plenamente esse potencial narrativo. Existem algumas tentativas de criar um ambiente imersivo através de transmissões de notícias satíricas e eventos aleatórios, mas esses elementos acabam por parecer desconectados da jogabilidade principal. A história progride através da execução de missões que reduzem a influência das corporações, mas não existe uma narrativa envolvente que dê peso às decisões do jogador. Pequenos detalhes, como cartazes com slogans genéricos ou referências óbvias ao consumismo, tentam criar uma atmosfera cyberpunk, mas acabam por parecer superficiais e artificiais. Com um pouco mais de esforço na escrita e na ligação entre narrativa e jogabilidade, o jogo poderia ter sido muito mais impactante.
Grafismo
Visualmente, Conglomerate 451 apresenta um estilo que mistura influências retro com elementos cyberpunk modernos. Os ambientes são dominados por betão frio e molhado, neon brilhante e interfaces holográficas, tudo dentro do esperado para um jogo do género. No entanto, a falta de variedade nos cenários torna a experiência visual rapidamente repetitiva. As masmorras geradas proceduralmente têm um aspeto homogéneo, sem detalhes que as tornem memoráveis ou distintivas. As animações são um ponto positivo, com efeitos visuais que remetem para os jogos de arcade dos anos 90. A forma como os inimigos se desintegram ao serem derrotados é particularmente satisfatória, reforçando a inspiração retro. Apesar disso, o grafismo não consegue compensar a falta de variedade e profundidade no design do mundo.

Som
O design de som do jogo segue a mesma linha do grafismo, misturando efeitos eletrónicos com inspirações retro. Os efeitos sonoros dos combates são adequados e ajudam a criar uma sensação de impacto, especialmente nos ataques mais poderosos. As vozes sintéticas que aparecem ocasionalmente contribuem para a atmosfera futurista, mas não são usadas com suficiente frequência para terem um verdadeiro impacto. A banda sonora encaixa bem na temática cyberpunk, com batidas eletrónicas que reforçam a ambientação distópica. No entanto, como muitos outros aspetos do jogo, a música acaba por se tornar repetitiva ao longo do tempo. Uma maior variedade de faixas poderia ter ajudado a manter o jogador mais envolvido na experiência.
Conclusão
Conglomerate 451 tem um conceito interessante e algumas ideias bem implementadas, especialmente no que diz respeito à personalização do esquadrão e às mecânicas de combate. No entanto, a falta de uma narrativa envolvente, a repetição excessiva dos cenários e a pouca necessidade de estratégia acabam por prejudicar a experiência. O jogo captura a estética cyberpunk, mas falha em explorar as suas temáticas de forma significativa. Para os fãs de RPGs táticos e dungeon crawlers que apreciam um sistema de personalização profundo, pode valer a pena experimentar Conglomerate 451. No entanto, quem procura um universo cyberpunk bem desenvolvido e uma narrativa cativante pode ficar desapontado. Apesar do seu potencial, o jogo acaba por se sentir como uma coleção de boas ideias que nunca são totalmente aproveitadas.