Análise: Eternity: The Last Unicorn

Eternity: The Last Unicorn tenta capturar a essência dos RPGs clássicos, inspirando-se fortemente na mitologia nórdica e num estilo de jogo reminiscentes da era da PlayStation 2. Com uma abordagem nostálgica e um combate tradicional, o jogo promete uma experiência desafiante e envolvente. No entanto, promessas são fáceis de fazer, e a realidade acaba por ser muito diferente. O jogo sofre de problemas graves de design, jogabilidade e apresentação, tornando-se um teste de paciência para qualquer jogador.

Jogabilidade

A estrutura da jogabilidade de Eternity: The Last Unicorn é simples, baseada em exploração, combate e elementos ligeiros de progressão. No início, o jogador controla Aurehen, uma elfa encarregada de salvar o último unicórnio e, consequentemente, garantir a sobrevivência do seu povo. Mais tarde, é possível jogar com Bior, um viking que procura os seus companheiros desaparecidos. No entanto, a troca de personagens não acrescenta profundidade, pois ambas as personagens jogam de forma semelhante, sem grandes diferenças que justifiquem a alternância. O combate é rudimentar e impreciso. O jogo oferece ataques leves, ataques pesados e uma esquiva, mas a lentidão dos comandos e a falta de resposta tornam cada confronto um exercício de frustração. Os inimigos têm padrões previsíveis, mas muitas vezes atacam antes sequer de se tornarem visíveis no ecrã, prejudicando o ritmo do jogo. O posicionamento da câmara também contribui para a dificuldade artificial, mudando frequentemente de ângulo e tornando o controlo da personagem desnecessariamente complicado.

Outro problema crítico é a necessidade constante de percorrer as mesmas áreas repetidamente. O design do mapa exige viagens extensas e monótonas para completar tarefas e encontrar recursos, prolongando artificialmente a duração do jogo sem acrescentar qualquer valor significativo à experiência.

Mundo e história

A história de Eternity: The Last Unicorn baseia-se na mitologia nórdica, um tema que poderia ter sido explorado com criatividade e profundidade. No entanto, a narrativa é superficial e mal apresentada, falhando em criar qualquer tipo de ligação emocional com o jogador. A ideia de um mundo onde os unicórnios garantem a imortalidade dos elfos é intrigante, mas a execução débil torna-a irrelevante. Os personagens são genéricos e sem carisma. Aurehen e Bior nunca são desenvolvidos de forma convincente, e as suas motivações são tão vazias que rapidamente se tornam esquecíveis. As interações são limitadas a caixas de texto sem qualquer expressividade, o que só reforça a sensação de que estamos perante uma narrativa apótica e sem impacto.

Os NPCs também sofrem do mesmo problema. Poucos fornecem informações úteis, e aqueles que o fazem apresentam diálogos vagos e pouco inspiradores. A falta de uma direção clara faz com que muitas vezes o jogador se sinta perdido, sem saber para onde ir ou o que fazer a seguir. O resultado é um mundo sem alma, que falha em incentivar a exploração ou o investimento na sua narrativa.

Grafismo

Os visuais de Eternity: The Last Unicorn são dececionantes. Apesar de utilizar cores vivas para tentar criar um mundo visualmente interessante, a baixa qualidade das texturas e o design rudimentar das áreas fazem com que tudo pareça datado. O jogo assemelha-se a um título de início da era PlayStation 2, mas sem o charme nostálgico que poderia compensar as limitações técnicas. As animações são robóticas e desajeitadas, tornando as cenas de combate ainda mais penosas. A movimentação das personagens é lenta e desengonçada, prejudicando a fluidez da jogabilidade. Os efeitos visuais também são incrivelmente básicos, com ataques e feitiços a apresentarem efeitos pouco convincentes e sem impacto.

Além disso, o jogo sofre de problemas técnicos constantes. O screen tearing é frequente, ebras de frame rate ocorrem mesmo em momentos de baixa carga gráfica. Estes problemas tornam a experiência visual ainda mais desagradável, tornando difícil encontrar qualquer elemento positivo na apresentação do jogo.

Som

O design sonoro de Eternity: The Last Unicorn é tão genérico quanto o seu grafismo. A banda sonora é esquecível e não contribui em nada para a atmosfera do jogo. As faixas musicais são repetitivas e sem personalidade, falhando em criar qualquer tipo de imersão. Os efeitos sonoros também deixam muito a desejar. Os sons dos ataques carecem de impacto, tornando o combate ainda menos satisfatório. Os ruídos ambientes são praticamente inexistentes, resultando num mundo que parece vazio e sem vida. Outro problema grave é a ausência de dobragem. Todos os diálogos são apresentados em texto, sem qualquer expressão vocal que pudesse adicionar alguma emoção à narrativa. Isso apenas reforça a sensação de que o jogo está inacabado e mal polido.

Conclusão

Eternity: The Last Unicorn falha em praticamente todos os aspetos. A jogabilidade é fraca e frustrante, a história não tem qualquer impacto, e a apresentação gráfica e sonora está muito abaixo do padrão mínimo esperado. O jogo tenta recriar a sensação dos RPGs clássicos, mas acaba apenas por relembrar o porquê de muitos desses elementos terem sido abandonados ao longo dos anos. Numa era em que o mercado está repleto de excelentes RPGs, é difícil justificar a escolha deste título. Com tantos problemas técnicos e de design, Eternity: The Last Unicorn nunca consegue destacar-se ou oferecer uma experiência que valha a pena. Para quem procura um jogo de ação e aventura inspirado na mitologia nórdica, há opções infinitamente superiores. Este é um título a evitar, a menos que tenhas um apetite insaciável por frustração.

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