Pesterquest é a sequela de Hiveswap Friendsim, uma novela visual baseada no universo de Homestuck. Para quem não está familiarizado com a série, trata-se de um jogo focado na interação entre personagens e no desenvolvimento de amizades. Desta vez, a narrativa introduz uma componente de viagem no tempo, adicionando um novo elemento à fórmula já conhecida. A What Pumpkin Games continua a liderar o projeto, mantendo a identidade visual e tonal do antecessor, mas introduzindo temas mais adultos que tentam diferenciar esta nova entrada na série. A estrutura do jogo permanece semelhante, com histórias divididas em pequenos volumes que exploram o relacionamento com diferentes personagens. A jogabilidade é limitada e baseada essencialmente em escolhas, mantendo a experiência acessível a qualquer jogador. Com um tom descontraído e um humor característico, Pesterquest tenta equilibrar temas mais leves com momentos de maior peso emocional, criando um contraste interessante ao longo da narrativa.
Jogabilidade
Pesterquest é, acima de tudo, uma novela visual tradicional. O jogador passa a maior parte do tempo a ler diálogos e a tomar decisões que afetam o rumo das histórias. No entanto, ao contrário de outras novelas visuais que apostam em sistemas mais elaborados de escolha, aqui as decisões são bastante limitadas. Cada volume apresenta dois ou três pontos de decisão e, na maioria dos casos, a opção correta é evidente. O objetivo de cada capítulo é fazer amizade com uma personagem, sendo que escolher mal resulta num final abrupto sem grande desenvolvimento. A introdução da viagem no tempo poderia ter sido um elemento interessante para aumentar a profundidade da jogabilidade, mas acaba por ser um conceito subaproveitado. As interações adicionais para além do texto são escassas e raramente têm impacto significativo. O jogo foca-se mais na narrativa do que na interatividade, o que pode ser um ponto negativo para quem procura um envolvimento maior nas decisões e nos acontecimentos.

Mundo e história
A história de Pesterquest começa imediatamente após os eventos de Hiveswap Friendsim, colocando novamente o protagonista alienígena numa busca por amizades. Desta vez, o enredo inicia-se com interações com personagens humanas antes de voltar a centrar-se nos trolls. Essa alteração ajuda a expandir o universo do jogo e oferece um novo contexto para as relações que se desenvolvem ao longo da narrativa. Apesar do tom geral do jogo continuar a ser leve e humorístico, existem momentos em que temas mais pesados são abordados. Alcoolismo, violência doméstica e maus-tratos a animais são mencionados em alguns diálogos, o que pode surpreender alguns jogadores habituados a um estilo mais descontraído. A presença destes temas gera um contraste com o restante jogo e pode parecer algo deslocada. Contudo, o enredo no geral mantém-se coeso e oferece um conjunto variado de personagens com as quais interagir. A forma como as amizades se desenvolvem é um dos aspetos mais mecânicos do jogo. Tudo se resolve de forma bastante conveniente, com interações que raramente apresentam desafios significativos. Isso pode tornar a experiência menos envolvente para quem procura uma narrativa mais orgânica e realista.
Grafismo
A direção artística de Pesterquest mantém o estilo característico da série, com retratos detalhados e cenários variados. O design das personagens é consistente e reflete bem as suas personalidades, ajudando a diferenciá-las facilmente. Apesar de algumas ilustrações terem um aspeto mais infantil, isso contribui para reforçar o tom mais ligeiro do jogo. Os fundos são suficientemente variados para evitar uma sensação de repetição, algo importante num jogo com uma estrutura tão fragmentada. Os ambientes ajudam a dar uma maior identidade a cada capítulo, tornando cada interação com novas personagens mais interessante. No entanto, devido à falta de animações ou elementos visuais dinâmicos, o jogo pode parecer estático para alguns jogadores habituados a novelas visuais mais sofisticadas.

Som
A banda sonora de Pesterquest é um dos seus pontos mais fortes. A música tem um tom leve e divertido, complementando bem a escrita humorística e ajudando a criar uma experiência mais envolvente. Cada capítulo tem temas musicais apropriados, contribuindo para estabelecer o ambiente de cada interação. O jogo também inclui um pequeno tema de vitória quando uma amizade é alcançada, um detalhe que reforça o tom descontraído da experiência. Apesar de a música ser bastante cativante, a falta de vozes ou efeitos sonoros mais trabalhados pode fazer com que o jogo pareça menos dinâmico. Ainda assim, a qualidade da banda sonora é suficiente para elevar a experiência e torna-se um dos aspetos mais memoráveis do jogo.
Conclusão
Pesterquest é uma continuação competente de Hiveswap Friendsim, mas não traz grandes inovações ao género. A introdução da viagem no tempo acrescenta uma camada extra à narrativa, mas a jogabilidade continua extremamente limitada, com decisões simplistas e uma progressão demasiado linear. A história equilibra momentos humorísticos com temas mais adultos, embora nem sempre essa mistura funcione da melhor forma. O grafismo mantém a identidade da série, com visuais apelativos e um design coeso. A banda sonora destaca-se como um dos melhores aspetos do jogo, conseguindo criar uma atmosfera envolvente. No entanto, a falta de elementos interativos e a rigidez da narrativa impedem Pesterquest de se destacar dentro do género. Para fãs de Homestuck e de novelas visuais, continua a ser uma experiência interessante, mas não é um título que irá impressionar aqueles que procuram uma experiência mais profunda e envolvente.