Yasha: Legends of the Demon Blade é um roguelike de ação que promete levar os jogadores a um mundo inspirado no Japão feudal, repleto de criaturas demoníacas e guerreiros lendários. Com um estilo artístico fortemente inspirado no período Edo e uma jogabilidade desafiante, o jogo propõe-se a combinar elementos de combate rápido com progressão baseada em melhorias permanentes. Com três personagens jogáveis, cada um com a sua própria abordagem ao combate, Yasha promete variedade e profundidade para os fãs do género. O mercado dos roguelikes tem sido bastante competitivo nos últimos anos, com títulos como Hades e Dead Cells a definirem padrões elevados. A questão que se impõe é se Yasha: Legends of the Demon Blade consegue estar à altura desses nomes ou se fica apenas como mais um jogo que tenta replicar o sucesso dos gigantes do género. A versão demo deixa algumas pistas sobre o que esperar do jogo completo e, apesar de algumas falhas, tem potencial para se tornar um título digno de atenção.
Jogabilidade
A jogabilidade de Yasha: Legends of the Demon Blade assenta na escolha de um entre três personagens distintos: um ninja imortal, um samurai demónio e um emissário Oni. Cada um apresenta habilidades e estilos de combate diferentes, permitindo alguma variedade na forma como as partidas se desenrolam. O jogo segue a estrutura clássica dos roguelikes, onde o jogador parte de um hub central para iniciar as suas tentativas de progressão, adquirindo melhorias permanentes e temporárias ao longo do caminho.
O combate é fluido, mas pode parecer um pouco pesado e lento em alguns momentos. Existe um sistema de esquiva e bloqueio que permite aos jogadores evitar ataques inimigos, mas a execução pode nem sempre ser tão responsiva quanto o esperado. O jogo compensa essa pequena rigidez com uma grande diversidade de inimigos e bosses, cada um exigindo diferentes abordagens estratégicas. Ao longo das partidas, os jogadores reúm coletâneas de melhorias que aumentam as suas habilidades e mudam a forma como enfrentam os desafios. Um dos aspectos mais desafiantes de Yasha é a progressão. Para melhorar os personagens, é necessário acumular recursos e desbloquear novas habilidades, algo que exige alguma repetição e paciência. Este sistema pode agradar aos jogadores que gostam de evoluir aos poucos, mas pode ser frustrante para quem prefere uma abordagem mais direta e menos dependente de grinding.

Mundo e história
A narrativa de Yasha: Legends of the Demon Blade leva-nos a um mundo em conflito, onde o demónio da raposa de nove caudas invadiu o reino humano e ameaça a paz frágil entre os dois mundos. Os protagonistas são três guerreiros que atendem ao chamado e embarcam numa jornada para erradicar esta ameaça e restaurar o equilíbrio. Apesar da premissa interessante, a história não é o ponto mais forte do jogo. O enredo está lá para contextualizar a ação, mas a escrita pode ser um pouco inconsistente, com algumas falas que tentam ser mais cativantes do que realmente são. O jogo parece não querer levar-se demasiado a sério, o que pode ser positivo para alguns jogadores, mas para outros pode parecer uma oportunidade perdida de aprofundar mais a sua narrativa. Mesmo que a história não seja memorável, o mundo que Yasha cria tem personalidade e caráter. A mitologia japonesa está bem representada, e os diferentes inimigos e cenários transmitem a sensação de um Japão feudal corrompido por forças demoníacas.
Grafismo
A direção artística é um dos pontos mais fortes de Yasha: Legends of the Demon Blade. O estilo visual capta muito bem a atmosfera do período Edo, misturando influências da pintura japonesa tradicional com um design de personagens e monstros cativante. O uso de cores vibrantes contrasta bem com os tons mais escuros dos cenários, criando um visual apelativo e memorável. As animações são bem conseguidas, ainda que o combate pudesse beneficiar de alguma fluidez adicional. Alguns ataques e movimentos podem parecer um pouco rígidos, o que pode prejudicar a sensação de impacto durante os confrontos. No entanto, de um modo geral, o grafismo de Yasha é um dos seus aspetos mais cativantes, sendo capaz de captar a atenção logo desde os primeiros minutos de jogo.

Som
A banda sonora de Yasha: Legends of the Demon Blade acompanha bem a ambientação do jogo, com peças que misturam instrumentos tradicionais japoneses com uma abordagem mais moderna. As músicas contribuem para a imersão no mundo do jogo, especialmente durante os combates contra bosses, onde a intensidade sonora ajuda a criar uma sensação de urgência e desafio.Os efeitos sonoros cumprem bem o seu papel, mas podiam ser um pouco mais impactantes. Os ataques e colisões nem sempre transmitem a força que se esperaria, o que pode tornar alguns combates menos satisfatórios do que deveriam ser. As vozes, quando presentes, estão bem interpretadas, ainda que não sejam um elemento predominante na experiência.
Conclusão
Yasha: Legends of the Demon Blade é um jogo com bastante potencial, mas ainda precisa de alguns ajustes para se destacar verdadeiramente no género. A direção artística é excelente e a atmosfera inspirada na mitologia japonesa é bem conseguida. No entanto, o combate podia ser um pouco mais fluido e a progressão menos dependente de grinding. A história está lá para contextualizar, mas não se destaca, e a escrita pode ser inconsistente em alguns momentos. Ainda assim, o jogo tem pontos fortes suficientes para valer a pena acompanhar a sua evolução até ao lançamento final. Até agora, Yasha é um título promissor, mas falta-lhe aquele polimento extra para competir com os melhores do género. Se o combate for refinado e a progressão tornar-se um pouco mais equilibrada, poderá ser uma excelente adição para os fãs de roguelikes. A demo deixa boas impressões, mas resta esperar para ver se o jogo final consegue cumprir todo o seu potencial.