Análise: Memory Lost

Memory Lost é um shooter de ação com vista de topo e ambientação cyberpunk que aposta numa mecânica invulgar para se destacar no género. Em vez de simplesmente disparar contra os inimigos, os jogadores podem possuir os seus corpos e utilizar as suas habilidades e armas. O jogo oferece um mundo distópico dominado por corporações impiedosas, onde o protagonista, uma inteligência artificial rebelde, tenta derrubar os seus criadores. Com um ritmo acelerado, uma boa variedade de inimigos e uma narrativa que se desenrola de forma interativa, Memory Lost promete uma experiência diferente do habitual. No entanto, é um jogo que não escapa a problemas de polimento e algumas decisões de design que podem frustrar certos jogadores.

Jogabilidade

A grande diferença de Memory Lost em relação a outros shooters está na sua mecânica de mudança de corpo. O jogador pode transferir-se para os inimigos após derrotá-los, passando a controlar as suas habilidades e armamento. Esta abordagem cria um combate dinâmico onde a gestão dos inimigos se torna uma estratégia essencial. Quanto mais transferências são feitas em sucessão, mais vida se regenera, incentivando um estilo de jogo agressivo e fluido. O jogo oferece 77 armas diferentes e uma boa variedade de ataques corpo a corpo, além de um sistema de melhorias dividido em cinco árvores de upgrade, permitindo personalizar o estilo de jogo. No entanto, o design dos confrontos nem sempre funciona bem. Em alguns momentos, os combates podem parecer arrastados e repetitivos, especialmente quando se enfrentam inimigos mais resistentes sem grandes variações na abordagem necessária. A dificuldade pode ser ajustada, mas mesmo nos modos mais fáceis, a jogabilidade pode tornar-se frustrante devido à falta de polimento em certas mecânicas.

Mundo e história

Memory Lost apresenta um mundo cyberpunk inspirado nas grandes distopias do género. A cidade de Detraxis está dominada por corporações que conduzem experiências desumanas e mantêm o controlo absoluto sobre a sociedade. O protagonista, uma inteligência artificial criada pela RedSky Corporation, procura libertar-se do controlo dos seus criadores e revelar a verdade por trás das experiências conduzidas na cidade. A narrativa oferece três finais distintos, dependendo das escolhas feitas ao longo do jogo. Existe uma boa quantidade de NPCs com quem se pode interagir, cada um trazendo pequenas histórias que adicionam profundidade ao mundo. Algumas são trágicas, outras têm um toque de humor negro, mas no geral ajudam a construir a atmosfera da cidade. O problema está na forma como a história é contada. Muitas vezes, os eventos e objetivos não são bem explicados, tornando difícil compreender o que está a acontecer ou o impacto das decisões tomadas. A narrativa tem potencial, mas não é suficientemente desenvolvida para ser realmente memorável.

Grafismo

Visualmente, Memory Lost não é um jogo impressionante. O design dos ambientes transmite bem a atmosfera cyberpunk, mas falta variedade e detalhe nos cenários. A arte das personagens e inimigos é funcional, mas pouco inspirada. Onde o jogo se destaca é nas cutscenes animadas à mão, que dão um toque especial à narrativa e ajudam a reforçar o tom do jogo. Infelizmente, estas sequências nem sempre são bem integradas na história e podem parecer desconectadas dos eventos da jogabilidade. Os efeitos visuais durante o combate são satisfatórios, com boas animações para os ataques e transições fluidas entre os corpos dos inimigos. No entanto, há alguns problemas técnicos, como quedas de framerate e glitches ocasionais, que podem prejudicar a imersão. O motor do jogo parece algo rudimentar, o que contribui para a sensação geral de falta de polimento.

Som

O design de som de Memory Lost é competente, mas sem grande destaque. Os efeitos sonoros durante o combate cumprem a sua função, mas poderiam ser mais variados e impactantes para dar mais peso às armas e habilidades. A banda sonora é um dos pontos positivos do jogo, com temas eletrónicos que ajudam a reforçar a atmosfera cyberpunk. A música encaixa bem na ação frenética do jogo e contribui para manter a energia elevada durante os combates. No entanto, a repetição de certas faixas pode tornar-se cansativa ao longo da campanha. A falta de vozes nas interações também é uma oportunidade perdida para dar mais personalidade ao elenco de personagens e tornar a história mais envolvente.

Conclusão

Memory Lost é um jogo com uma ideia interessante e uma jogabilidade que se destaca pelo sistema de mudança de corpo, mas que sofre com a falta de polimento e um design inconsistente. O combate tem momentos divertidos, mas pode tornar-se repetitivo e frustrante devido à falta de refinamento em certas mecanicas. A história e o mundo têm potencial, mas não são suficientemente desenvolvidos para serem realmente cativantes. A qualidade gráfica é mediana, com cutscenes bem trabalhadas mas cenários pouco inspirados. O som cumpre o seu papel, com uma banda sonora adequada, mas que poderia ser mais variada. No geral, Memory Lost é um jogo que pode agradar aos fãs do género que procurem algo diferente, mas não é um título essencial. Se estiver em promoção, pode valer a pena experimentar, mas não é uma experiência que se destaque como um grande exemplo do género.

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