Antevisão: Quarantine Zone: The Last Check

Quarantine Zone: The Last Check é um jogo de simulação e sobrevivência que coloca o jogador no papel de comandante de um posto de controlo durante uma crise sanitária extrema. Numa realidade onde uma infeção zombie ameaça dizimar a população, o nosso papel é filtrar cuidadosamente quem pode entrar numa zona segura. A premissa, claramente inspirada em títulos como Papers, Please, tenta equilibrar mecânicas de inspeção, gestão de recursos e decisões morais num ambiente tenso e opressivo.

Jogabilidade

A jogabilidade assenta em mecânicas de inspeção bastante imersivas. O jogador utiliza ferramentas como lanternas UV, termómetros e scanners manuais para detetar sinais de infeção ou contrabando, analisando tanto os documentos como os sintomas visíveis dos refugiados que tentam atravessar o posto. A cada dia, surgem novos desafios, desde a gestão dos escassos recursos até à tomada de decisões difíceis: admitir, colocar em quarentena ou eliminar. Estas escolhas são feitas com base em pistas visuais, exames médicos e análise documental, o que acrescenta uma camada de tensão permanente. No entanto, nem tudo está afinado. Alguns sintomas são demasiado semelhantes, especialmente sob certas iluminações, o que torna a inspeção menos precisa e mais dependente da sorte do que da habilidade. Existem também segmentos de combate com drones que quebram o ritmo e parecem deslocados do resto da experiência.

Mundo e história

A narrativa gira em torno da tentativa de conter um surto devastador de infeção zombie. O jogador é o último obstáculo entre a humanidade e o colapso total, assumindo o comando de um posto militar num cenário distópico. A história vai-se desenvolvendo através de relatórios matinais, interações com sobreviventes e eventos ocasionais que vão complicando a missão. O sentimento de responsabilidade cresce diariamente, sobretudo quando os erros têm consequências fatais. Infelizmente, apesar da base promissora, o mundo não é tão detalhado quanto poderia ser. A interação com outras personagens é limitada, e a sensação de estar a participar numa operação de evacuação global perde-se um pouco na repetição das tarefas diárias e na escassez de momentos narrativos mais marcantes.

Grafismo

O estilo visual de Quarantine Zone: The Last Check é funcional, mas longe de impressionante. Nota-se uma forte dependência de recursos genéricos, com um aspeto que faz lembrar projetos feitos com assets pré-fabricados da Unity. Os modelos são simples, a iluminação é pouco refinada e os elementos gráficos, como os sinais de sintomas, tornam-se difíceis de distinguir. Este problema visual interfere diretamente na jogabilidade, tornando algumas decisões mais frustrantes do que desafiantes. Além disso, o desempenho gráfico é inconsistente. O jogo sofre de quebras de fluidez em máquinas onde seria de esperar melhor performance, o que levanta dúvidas sobre a otimização do motor de jogo.

Som

O ambiente sonoro do jogo é surpreendentemente apagado. A música é quase inexistente, e quando está presente, passa despercebida. Os efeitos sonoros cumprem o seu papel, mas não acrescentam muito à imersão. Dado o cenário tenso e claustrofóbico que o jogo pretende criar, seria de esperar um design de som mais cuidado, com sons ambientais e pistas sonoras que ajudassem a elevar o clima de tensão. Em vez disso, temos um ambiente sonoro genérico que raramente contribui para o envolvimento do jogador.

Conclusão

Quarantine Zone: The Last Check é uma experiência com potencial, mas que, na sua forma atual, ainda tem muito por onde crescer. A ideia central é forte e as mecânicas de inspeção são envolventes, mas o jogo sofre com decisões de design questionáveis, problemas visuais, som pouco trabalhado e elementos de jogabilidade que quebram o ritmo. Ainda assim, para quem gosta de jogos com decisões morais difíceis e mecânicas de gestão de crise, há aqui algo que pode cativar durante algumas horas. No entanto, será necessário polimento e evolução significativa para justificar uma compra no lançamento completo.

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