Block Fortress 2 é a mais recente incursão da Forsaken Media para o mundo dos jogos de PC, depois de vários anos a cimentar a sua criatividade no universo mobile. Esta sequela do jogo original lançado para smartphones tenta levar a fórmula de defesa de torres para um patamar mais ambicioso, aproveitando as capacidades do PC para criar algo mais vasto, mais desafiante e também mais caótico. Neste jogo, o jogador não é apenas o estratega por detrás das defesas, mas também um soldado ativo no terreno, com liberdade para lutar, construir e improvisar num mundo voxelizado onde a ação não para. O conceito é interessante e a execução revela uma aposta clara na complexidade e na profundidade. No entanto, essa ambição nem sempre resulta numa experiência acessível, sobretudo para quem se aproxima do jogo sem conhecer a base construída nos dispositivos móveis. Block Fortress 2 está mais próximo de um simulador de guerra voxelizada com elementos de tower defense do que de um simples jogo casual.
Jogabilidade
A jogabilidade é, sem dúvida, o aspeto mais ambicioso de Block Fortress 2. O jogo mistura elementos clássicos de defesa de torres com combate na terceira pessoa, gestão de recursos, construção livre e até uma componente criativa ligada à criação de mundos e mods. O jogador controla um soldado que deve defender posições contra hordas de inimigos, construindo torres, geradores de energia, luzes e outras estruturas defensivas. Cada torre requer energia para funcionar, e cada gerador tem um alcance limitado, o que obriga a uma gestão minuciosa da base. A colocação estratégica dos elementos é essencial, uma vez que os inimigos podem destruir as nossas construções, fazendo com que os recursos investidos se percam. Este sistema cria uma dinâmica tensa e imprevisível, onde cada decisão conta. O problema é que o jogo fornece muito pouca informação. O tutorial é curto e não explica o suficiente, o que torna as primeiras horas de jogo bastante frustrantes. Não há indicadores claros sobre a direção dos inimigos ou sobre o significado de vários elementos, e a curva de aprendizagem é íngreme. Há uma sensação constante de experimentação forçada que, para alguns jogadores, poderá ser motivadora, mas para outros, simplesmente confusa.

Mundo e história
A narrativa em Block Fortress 2 é praticamente inexistente e serve apenas de contexto para os diferentes níveis e regiões. O jogador chega ao chamado Blockverse e é imediatamente transformado num avatar voxelizado. A missão é simples: conquistar território e defendê-lo das populações nativas, que agora se tornam nos principais inimigos. Apesar da premissa minimalista, o jogo compensa com uma variedade imensa de zonas e desafios. Existem quase duzentos níveis tecnológicos para desbloquear, o que garante uma progressão constante em termos de armas, torres e tecnologias. No entanto, falta-lhe uma motivação narrativa mais forte que ligue estes momentos e ofereça uma sensação mais coesa de progresso. O verdadeiro mundo do jogo acaba por ser criado pelo próprio jogador. Existe uma componente de criação de mapas e mods bastante destacada, que permite expandir significativamente a experiência. Embora no momento ainda não haja muitas criações disponíveis, a presença de um separador dedicado a Mods sugere que esta será uma parte essencial da longevidade do jogo.
Grafismo
Visualmente, Block Fortress 2 aposta num estilo voxel que já se tornou comum em muitos jogos independentes, mas que aqui é utilizado com algum cuidado. O jogo tem um aspeto algo rudimentar, mas funcional, com estruturas e personagens bem definidas dentro das limitações estilísticas que o próprio voxel impõe. Há uma coerência visual agradável, e a estética ajuda a reforçar a identidade do jogo. O mundo voxelizado torna-se rapidamente familiar, e a simplicidade gráfica contribui para que a ação se mantenha fluida mesmo quando o ecrã está carregado de inimigos, explosões e torres a disparar. O ciclo de dia e noite é um toque interessante, afetando diretamente a eficácia das defesas, o que obriga o jogador a adaptar-se visualmente ao ambiente em constante mutação.

Som
O trabalho sonoro é competente, embora não particularmente memorável. Os efeitos sonoros cumprem a sua função, com disparos, explosões e sons ambientais a darem alguma vida ao campo de batalha voxelizado. A música passa muitas vezes despercebida, o que pode ser positivo numa experiência que exige foco e atenção constantes, mas também revela uma falta de personalidade sonora que poderia ter elevado o jogo. Os inimigos têm sons distintos, o que ajuda a identificar alguns perigos, mas a ausência de narração ou vozes retira algum impacto ao ambiente geral. É um jogo onde o som serve sobretudo como ferramenta utilitária e não como elemento atmosférico.
Conclusão
Block Fortress 2 é uma aposta ousada da Forsaken Media, que tenta elevar a fórmula mobile para um público mais exigente no PC. A mistura de ação na terceira pessoa com defesa de torres, construção criativa e gestão de recursos cria uma experiência profunda e desafiante, mas também bastante exigente e, por vezes, confusa. É um jogo que se dirige a um nicho específico de jogadores, aqueles que gostam de experimentar, testar, criar e enfrentar desafios com pouca orientação. Não é um jogo acessível, nem pretende ser, mas dentro do seu nicho, tem potencial para se tornar num favorito de longa duração, sobretudo se a comunidade abraçar as ferramentas de criação que o jogo oferece. Se o preço de lançamento for justo, Block Fortress 2 pode muito bem conquistar uma base leal de fãs. Caso contrário, poderá ficar limitado a ser uma curiosidade interessante num género já bastante competitivo.