Análise: Peaky Blinders: Mastermind

Peaky Blinders: Mastermind é a adaptação da série e livro do mesmo nome e que foi lançado em praticamente todas as plataformas do momento. Não é de todo aquilo que eu consideraria uma adaptação tradicional já que opta por seguir o caminho completamente imprevisível. Ao contrário da grande maioria das adaptações de séries e filmes que optam quase sempre por lançar um jogo de ação baseado no material de origem, o que temos aqui é essencialmente um jogo de puzzles, onde a mecânica principal da jogabilidade nada tem a ver com o mundo de Peaky Blinders.

Os jogadores fãs de Peaky Blinders podem ter tido exatamente o mesmo pensamento quando o jogo foi anunciado e poucos devem ter sido aqueles que pensaram que o resultado final não seria um jogo de ação. Desenvolvido pela FuturLab, da qual só me lembro de ter jogado Velocity 2X para PS3, Peaky Blinders: Mastermind é um jogo de aventura e puzzles com a história a passar-se antes da primeira temporada da série. Cada personagem da família Shelby tem habilidades que temos de dominar para ultrapassar puzzles, cabendo ao jogador encontrar forma de resolver os conflitos e problemas que o jogo coloca à nossa frente através da lógica.

Visualmente Peaky Blinders: Mastermind  parece-se muito com muitos jogos estratégia por turnos do mercado. Para dizer a verdade foi essa a ideia com que fiquei durante os primeiros minutos de jogo e foi com surpresa que percebi que a jogabilidade era bem diferente disso. Tommy por exemplo como líder da família tem um papel central em Peaky Blinders: Mastermind e a sua habilidade pode “intimidar” inimigos. Esta habilidade na prática permite ao jogador controlar temporariamente um inimigo para que este possa ir buscar uma chave, puxar uma alavanca ou abrir uma porta. Depois disso podemos puxar o tempo atrás e podemos atravessar a porta com Tommy ao mesmo tempo que o inimigo nos abre a porta.

O conceito de Peaky Blinders: Mastermind  é realmente viciante e original do mundo dos jogos de puzzle, no entanto não tenho a certeza de que se adapte ao material de origem do jogo. Se Peaky Blinders: Mastermind  fosse um jogo original talvez tivesse menos problemas com a jogabilidade do jogo, no entanto tendo em conta que é uma adaptação estava à espera de algo diferente. Existem outras personagens como já referi. Ada por exemplo pode distrair inimigos e Finn consegue atravessar espaços pequenos. Nenhuma destas habilidades por si representa uma quebra com a temática de Peaky Blinders, apenas o controlo do tempo me parece completamente deslocado.

Apesar de poder parecer estranho como descrevi no parágrafo anterior, a realidade é que em termos de gameplay esta mecânica faz com que Peaky Blinders: Mastermind  seja um jogo realmente interessante. O jogador tem de dominar cada personagem, saber exatamente como pode utilizar a sua habilidade e planear o que fazer num panorama multi sala. Temos que decorar o que fizemos com as personagens que controlámos e o que as personagens não jogáveis fazem para que quando fazemos “rewind” saibamos o que temos de fazer para resolver o puzzle. É como se fossemos delineando um plano e o executando ao mesmo tempo e é realmente gratificante quando tudo resulta.

Ao contrário da grande maioria dos jogos de puzzles onde tudo parece progredir ao saltos, ou seja, ora estamos a avançar ora estamos parados a pensar, Peaky Blinders: Mastermind  é um jogo muito mais fluido já que vamos resolvendo os puzzles aos poucos enquanto jogamos. Isto não quer dizer no entanto que isto seja suficiente para agradar a todos os jogadores. Pessoalmente consigo ver os fãs da série a terem muitos problemas com a função de rewind já que dá um certo ar de “paranormal” ao jogo que está muito descolado da série. No entanto esta função de “rewind” é o que torna o jogo tão bom. Por isso se forem capazes de ignorar esta inconsistência irão encontrar aqui uma excelente proposta dentro do género e uma boa adaptação do material de origem.

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