Análise: Visage

Não posso dizer que seja o maior fã de jogos de terror e quando estamos a falar de um sucessor espiritual de PT, uma das experiências mais impressionantes de terror dos últimos anos, então tudo se complica mais um pouco. É preciso ter em consideração que PT foi uma pequena experiência que nunca chegou a tornar-se um jogo completo e apesar de muitos jogos entretanto tenham tentado capturar a essência de PT num jogo completo, nenhum conseguiu até agora. Visage é um jogo indie de terror. Desenvolvido pela SadSquare Studios, é descrito como uma sequência espiritual de PT e isso nota-se do início ao fim.

Visage passa-se numa casa enorme que viu a sua quantidade de traumas e atrocidades. Este é um jogo ao estilo American Horror Story, ou seja, que mistura praticamente todas as temáticas que já deram origem a filmes de terror. Os jogadores controlam Dwayne, um homem que cometeu um ato indescritível e agora está a ser atormentado por visões de outras coisas terríveis que aconteceram naquela casa. Ao longo dos quatro capítulos de Visage, Dwayne segue pistas e resolve puzzles que o podem levar a escapar da casa e manter a sua sanidade. Visage consegue ser uma experiência absolutamente perturbadora e o jogador começa logo por ser confrontando por imagens extremamente gráficas. Os efeitos sonoros são assustadores e os fantasmas aterrorizantes. O jogo também faz uso de muitos “jump scares”, mas nunca ao ponto de ser um truque barato. A atmosfera de Visage provoca a maior parte do medo e a única coisa que o atrasa é a sua jogabilidade.

A atmosfera é o melhor aspeto de Visage, apesar de o ambiente em si não ser propriamente original, mas a execução é exemplar. É comum encontrar um fantasma a mover-se de vez em quando ou parado a olhar na nossa direção num corredor escuro, o que nos deixa sempre atentos mesmo quando nada se passa. O que funciona no ambiente é a quantidade de exploração necessária e a falta de iluminação. A casa é enorme e há muita coisa para iteragir, seja voluntariamente ou porque o jogo basicamente assim o pede. Os cantos permanecem escuros mesmo com quase todas as luzes acesas e o som torna tudo simplesmente aterrador. O jogo consegue assustar verdadeiramente com frequência suficiente para nos manter sempre num estado susceptivel e nunca frequentemente o suficiente para ficarmos imunes aos sustos do jogo.

As histórias de cada capítulo concentram-se essêncialmente na saúde mental e nos efeitos debilitantes de doenças mentais, apesar de misturar o paranormal como pocessão demoníaca em alguns capítulos. Mas por muito bom que Visage é, não é de todo perfeito. Os controlos são obtusos e levamalgum tempo para nos habituarmos. Quando passamos muito tempo no escuro, um fantasma aparece e mata-nos, por isso não convém perder muito tempo a tentar acender um esqueiro por exemplo, algo que os controlos não ajudam. Os puzzles do jogo também são bastante aleatórios. Mais pistas, mesmo que vagas, podiam ter ajudado a que o ritmo de Visage fosse mais consistente, em vez de obrigar muitas vezes a vários minutos a vaguear numa atmosfera hostil.

Visage é um dos melhores exemplos de survival horror neste género mais virado para a exploração. É um jogo que facilmente recomendo para os fãs, mas absolutamente mais ninguém.

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