Análise: Phantom Trigger

À primeira vista, Phantom Trigger pode não parecer ser um jogo muito acima da média. Com a quantidade de jogos indie com jogabilidade hack-n-slash que já vimos antes, Phantom Trigger pode parecer exactamente igual a tantos outros jogos que já jogámos. Até o grafismo, apesar de ser diferente, acaba por cair nos mesmos moldes de outros jogos do género que passaram pelas nossas mãos. O primeiro indicador de que podemos estar a ignorar algo, é o criador. A Tinybuild pode não ser o maior estúdio do mundo, mas é um dos lança títulos mais originais actualmente no mercado e quando olhamos para além do óbvio, Phantom Trigger tem muita coisa a seu favor.

Phantom Trigger é um jogo de ação e aventura, onde o jogador tem duas perspectivas diferentes da história da personagem principal. A primeiro é apenas através de cutscenes onde ficamos a conhecer Stan, a nossa personagem principal e que sofre de uma doença grave. A solução para a doença parece passar por uma operação que ele não pode pagar ou pelo menos teria de sacrificar tudo para a pagar. No entanto há uma alternativa na forma de um medicamento experimental. A outra perspectiva é aquela que envolve realmente uma jogabilidade. Num mundo alternativo o jogador joga como o The Outsider, um guerreiro sem memória que luta no “mundo dos néon”. É através da alternação entre estas duas perspectivas que vamos conhecendo a história. É uma boa ideia e acaba por funcionar bem, nunca dando respostas directas à história, deixando o jogador a desvendar as metáforas do jogo.

À medida que o jogador progride através do jogo, as escolhas que ele faz de cada lado afectam o que acontece com o outro, trazendo algo mais ao jogo do que um simples hack-n-slash. O jogo em si desempenha um pouco como um dungeon crawler mas sem a parte RPG. O jogador recolhe itens que eventualmente o encaminham na direcção de uma batalha contra um boss, que é a parte mais criativa e mais difícil do jogo. Em termos de jogabilidade, existem principalmente dois ataques e uma manobra de esquivo. A jogabilidade é de longe a parte mais tradicional de Phantom Trigger, não se desviando muito do standard. No entanto o uso de uma habilidade de chicote além das 3 já descritas acaba por o tornar único o suficiente neste aspecto.

Apesar de os inimigos em Phantom Trigger não serem muito imaginativos, o combate e os níveis acabam por compensar esta pequena falta de criatividade. O combate não se sente chato ou repetitivo, graças aos inimigos com diferentes níveis de poder. Os inimigos são normalmente mais vulneráveis a certos ataques ou elementos e isso acaba por tornar o combate bastante dinâmico. A principal critica que posso deixar a Phantom Trigger é que a narrativa pode-se tornar demasiado fragmentada. Por um lado gosto da forma como foi deixado ao cargo do jogador ligar os pontos e encontrar metáforas na narrativa entre o mundo real e o alternativo, mas por outro lado não posso deixar de pensar que estou provavelmente a pensar demais e os criadores não pensaram na grande maioria de ligações que estou a fazer.

Phantom Trigger no geral acaba por ser uma boa proposta. Não é um jogo mau, mas torna-se fácil ver as falhas. Nenhuma delas quebra a experiência ou algo do género, mas vão acumulando. É um daqueles jogos em que vemos um problema aqui e ali e nenhum é problemático, simplesmente vão somando. A história também promete mais do que aquilo que realmente recebemos. O jogo parece ter muito para dar ainda quando de repetente acaba, deixando-nos com um final da história que é no mínimo abrupto.

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